A
gravidez é uma das principais preocupações de mulheres em idade fértil e talvez
por isso, o tema anticoncepcional seja sempre tão frequente nas conversas,
reportagens e em diversos fóruns na internet. O termo anticoncepcional ou contraceptivo
engloba todos os métodos capazes de evitar a gravidez.
A
incidência de gravidez em relações sexuais sem proteção é estimada em 8%, considerando
todo o ciclo menstrual. Dentre os métodos contraceptivos, a pílula do dia
seguinte, considerada um contraceptivo de emergência, reduz o risco de gravidez
para 2% (1). Logo, este método deve ser empregado quando não foi utilizado
nenhum outro ou quando o método contraceptivo de rotina apresentou alguma falha,
em situações como:
- rompimento da camisinha;
- quando a paciente esquece de tomar a pílula por:
o
2 ou mais dias, para as pílulas que contém
estrógeno e progestina;
o
1 ou mais dias, se forem pílulas contendo
somente progestina;
- atraso em mais de 2 semanas na aplicação da
injeção contendo progestina;
- atraso em mais de 3 dias na aplicação da injeção
contendo estrógeno e progestina;
- suspensão do uso do adesivo com contraceptivo
por mais de 24 horas;
- remoção do anel vaginal por mais de 3 horas;
- saída parcial ou completa de dispositivo
intrauterino (DIU);
- falha, deslocamento ou uso incorreto de diafragma
ou camisinha feminina;
- uso de medicamentos que podem afetar o
desenvolvimento do feto, como isotretinoína ou talidomida, sem o uso conjunto
de um método contraceptivo eficaz;
- uso de medicamentos que diminuem o efeito de
anticoncepcionais (2).
A
composição dos medicamentos que são empregados como anticoncepcionais de
emergência é semelhante aos anticoncepcionais regulares, porém as doses de
hormônio são maiores. Atualmente, as opções disponíveis incluem a combinação de
estrógeno e progestina (etinilestradiol e levonorgestrel) ou somente a
progestina isoladamente (levonorgestrel). Estudos revelam que a progestina
isoladamente é mais eficaz e tem menor chance de causar efeitos adversos (1).
Em ambos os casos, as pílulas impedem a gravidez ao alterar ou inibir a
ovulação e também por afetar a parede do útero, evitando a implantação do
embrião (3).
A
eficácia máxima é obtida se a primeira dose for administrada em 72 horas (3
dias), mas alguns estudos revelam que a pílula do dia seguinte pode inibir a
gravidez indesejada quando utilizada até 120 horas (5 dias) após a relação
sexual. Em geral, uma segunda dose deve ser repetida após 12 horas da primeira
(2).
Entretanto,
como todo medicamento, a pílula do dia seguinte apresenta efeitos adversos. Náuseas
e vômitos são os mais comuns, ocorrendo em até 50% das pacientes. Desta forma,
o uso de medicamentos contra o enjoo pode ser feito 1 hora antes do uso da
pílula, de acordo com a orientação médica. Caso a paciente apresente vômitos em
até 2 horas após ingerir o medicamento, é necessário informar ao médico para
orientações sobre o uso de pílulas adicionais (4).
Em
algumas pacientes a eficácia da pílula do dia seguinte pode ser reduzida, como
por exemplo em casos de sobrepeso ou obesidade. Nesta situação, a paciente deve
conversar com o médico sobre a disponibilidade de outros métodos de
contracepção de emergência. O uso em conjunto com outros medicamentos também
pode interferir na ação da pílula do dia seguinte, portanto, o médico deve ser
informado sobre o uso de:
- Medicamentos contra
o HIV, tais como: amprenavir, delavirdina, efavirenz, indinavir, nelfinavir,
nevirapina, saquinavir, tipranavir;
- Medicamentos para
convulsão, tais como: carbamazepina, felbamato, oxcarbazepina, fenitoína e
topiramato;
- Medicamentos da
classe dos barbituratos, tais como: butabarbital, pentobarbital e fenobarbital;
- Antifúngicos:
griseofulvina;
- Antibióticos:
rifampicina;
- Fitoterápicos: erva
de São João (Hypericum perforatum) (2).
Após
o uso da pílula do dia seguinte, deve-se retomar o método contraceptivo,
pois a pílula não evita a gravidez em relações ocorridas após seu uso. Se a
paciente utiliza como método de rotina a pílula ou adesivo, ela deve evitar
relações ou utilizar um método de barreira, como diafragma ou camisinha, por 7
dias. Além disso, caso a menstruação não aconteça em até 3 semanas, um teste de
gravidez deve ser feito. O uso de anticoncepcionais de ação mais longa, como
injeções ou implantes, só deve ser reiniciado após ser excluída a possibilidade
de gravidez. O médico deve ser informado se houver um sangramento anormal ou caso
surjam dores abdominais intensas (sintomas de gravidez fora do útero) no
período de 3-5 semanas (2).
Em
geral, a pílula do dia seguinte é considerada segura, porém só deve ser
empregada em situações excepcionais, pois este método tem eficácia menor que os
anticoncepcionais convencionais e também expõe a mulher a doses maiores de
hormônios. Vale destacar que a pílula do dia seguinte não interrompe a gravidez
após a implantação do embrião na parede do útero e não protege contra doenças
sexualmente transmissíveis. Portanto se a gravidez não for desejada, utilize
sempre um método anticoncepcional adequado. Converse com seu médico sobre a
melhor opção para evitar a gravidez e prevenir doenças sexualmente
transmissíveis.
Fernanda L. da S. Machado (Farmacêutica)
Revisão: Danielle Maria de Sousa S. dos Santos; Danielle Martins Ventura e Juliana Givisiéz Valente.
Revisão: Danielle Maria de Sousa S. dos Santos; Danielle Martins Ventura e Juliana Givisiéz Valente.
Fontes:
1. Hall JE. Chapter 347. The Female Reproductive System, Infertility, and Contraception. In: Longo DL, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Jameson J, Loscalzo J. eds. Harrison's Principles of Internal Medicine, 18e. New York, NY: McGraw-Hill; 2012.
2. Micromedex Healthcare Series. DISEASEDEX System. Greenwood Village, CO: Truven Health Analytics, 2014. http://www.thomsonhc.com/, acessado em 01/04/2014.
3. Heron SL, Houry DE. Chapter 291. Female and Male Sexual Assault. In: Tintinalli JE, Stapczynski J, Ma O, Cline DM, Cydulka RK, Meckler GD, T. eds. Tintinalli's Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide, 7e. New York, NY: McGraw-Hill; 2011.
4. Rosen MP, Cedars MI. Chapter 13. Female Reproductive Endocrinology and Infertility. In: Gardner DG, Shoback D. eds. Greenspan’s Basic & Clinical Endocrinology, 9e. New York, NY: McGraw-Hill.
1. Hall JE. Chapter 347. The Female Reproductive System, Infertility, and Contraception. In: Longo DL, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Jameson J, Loscalzo J. eds. Harrison's Principles of Internal Medicine, 18e. New York, NY: McGraw-Hill; 2012.
2. Micromedex Healthcare Series. DISEASEDEX System. Greenwood Village, CO: Truven Health Analytics, 2014. http://www.thomsonhc.com/, acessado em 01/04/2014.
3. Heron SL, Houry DE. Chapter 291. Female and Male Sexual Assault. In: Tintinalli JE, Stapczynski J, Ma O, Cline DM, Cydulka RK, Meckler GD, T. eds. Tintinalli's Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide, 7e. New York, NY: McGraw-Hill; 2011.
4. Rosen MP, Cedars MI. Chapter 13. Female Reproductive Endocrinology and Infertility. In: Gardner DG, Shoback D. eds. Greenspan’s Basic & Clinical Endocrinology, 9e. New York, NY: McGraw-Hill.
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