A congestão nasal é um problema de saúde que
acomete adultos e crianças e caracteriza-se por processos obstrutivos nas vias
nasais, induzindo a dificuldades respiratórias, complicações no ouvido, comprometimento
no desenvolvimento da fala, além de interferir na qualidade do sono, trazendo
enorme desconforto e refletindo negativamente na qualidade de vida do paciente.
Existem diversas causas para este quadro clínico, como resfriados, rinite
alérgica e não alérgica, sinusite e desvio do septo nasal1. A classe
de medicamento mais utilizado no alívio desses sintomas são os
descongestionantes nasais, porém o uso abusivo desses medicamentos envolvem
implicações perigosas em todo o organismo, incluindo aumento da pressão arterial,
dependência psicológica e rinite medicamentosa, sendo o risco maior em
hipertensos, cardíacos e crianças2.
A rinite
medicamentosa é a uma condição provocada pelo uso incorreto de alguns
medicamentos, incluindo os descongestionantes nasais de uso local, também
conhecidos como gotas nasais, que quando usado de modo excessivo ou por tempo
prolongado induzem a este tipo de rinite. Esta forma de renite não alérgica acarreta
agravamento das lesões previamente existentes na mucosa nasal, aumentando os
sintomas de congestão nasal, além de induzir espirros excessivos e coriza. O
tratamento para rinite medicamentosa é a suspensão do uso do medicamento que a
causou. Pacientes que inicialmente não apresentavam nenhuma forma de rinite podem
vir a desenvolver rinite medicamentosa induzida por uso abusivo dos
descongestionantes nasais2.
Os descongestionantes nasais contendo
nafazolina, oximetazolina, clonidina, xilometazolina, tetraidrozolina são mais
frequentemente responsáveis por causar dependência do uso e rinite
medicamentosa. Quanto mais se usa estes medicamentos, menor é o tempo de ação
destes, induzindo o paciente a utilizar o medicamento em um intervalo de tempo
a cada vez menor, e assim, se estabelece um ciclo de dependência e exposição
progressivamente maior as ações prejudiciais dos mesmos. Essas substâncias
contraem os vasos sanguíneos nasais e assim desobstruem as narinas, porém o uso
excessivo e a longo prazo levam a contração de diversos outros vasos sanguíneos
do organismo, induzindo à arritmias cardíacas e favorecendo o desenvolvimento
do quadro de hipertensão arterial, mesmo em pacientes sem doenças
pré-existentes, além de também propiciar o aparecimento de outros efeitos
negativos como dor de cabeça, dificuldades para dormir, irritação nasal,
agitação, espirros excessivos, tremores e retenção urinária. Por este motivo,
estes medicamentos são contraindicados à pacientes hipertensos, cardíacos,
diabéticos ou portadores de hiperplasia prostática3.
Ademais, os
descongestionantes nasais aliviam apenas os sintomas da congestão nasal e o seu
uso incorreto, pode inclusive, agravá-los, por isso, recomenda-se que pessoas
que frequentemente apresentam congestão nasal procurem ajuda médica para
iniciar um tratamento efetivo a esta condição4.
No Brasil, os
descongestionantes nasais pertencem à classe de medicamento mais procurado
pelos pacientes que buscam a automedicação, representando 7% deste grupo5,
sendo, em sua maioria, vendidos sem receita, porém, devido aos inúmeros
malefícios trazidos pelo uso excessivo, é importante se conscientizar da
relevância do seu uso correto e buscar sempre a orientação do médico e/ou
farmacêutico.
Autor: Juliana Givisiéz Valente
Revisão:
Danielle Maria de Souza Sério dos Santos
Danielle Martins Ventura
Fernanda Lacerda da Silva Machado
Referências
1. Wilson KF, Spector ME, Orlandi RR: Types of rhinitis. Otolaryngol Clin
North Am. 2011;44(3):549-59.
2. Toohill RH, Lehman RJ, TW Grossman, TP Belson. Rhinitis medicamentosa. Laryngoscope.
1981;91(10):1614-21
3. Knipping S, Holzhausen HJ, Goetze G, Riederer A, Bloching MB. Rhinitis
medicamentosa: Electron microscopic changes of human nasal mucosa. Otolaryngol
Head Neck Surg. 2007;136(1):57-61
4. Graf P. Rhinitis medicamentosa: a review of causes and treatment. Treat Respir Med.
2005;4(1):21-9
5.
Vilarino JF, Soares IC, Silveira CM, Rödel APP, Bortoli R, Lemos RR.
Perfil da automedicação em município do Sul doBrasil. Ver Saúde Pública
1998;32(1):43-9
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