quinta-feira, 28 de maio de 2015

Rinite alérgica: características e formas de controle


Com a chegada de temperaturas mais frias, é hora de retirar os cobertores e os casacos do armário. Porém para muitos, esta atitude pode resultar em uma crise de rinite alérgica.

A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal desencadeada pelo contato com um agente causador de alergia (alérgeno). Em algumas pessoas, a primeira exposição ao alérgeno, leva à sensibilização, ou seja, o sistema de defesa se prepara para combatê-lo. Já nos contatos seguintes, a resposta inflamatória é desencadeada.  Na verdade, esta é uma reação exagerada do sistema de defesa contra um agente que, a princípio, não representa nenhuma ameaça ao corpo. Dentre os  causadores de alergia mais comuns estão: pólen, ácaros, pelos de animais, alimentos e mofo.


O Brasil está entre os países de maior prevalência de rinite alérgica no mundo (1). Apesar de não ser um problema respiratório grave, esta condição interfere na qualidade de vida de muitas pessoas, sendo um dos principais motivos para a procura de serviços de saúde (1). Em adultos, é responsável por muitas faltas ao trabalho e em crianças pode ainda prejudicar a performance escolar (2). 

Dito isto, pode-se perguntar: quais são as causas da rinite alérgica? Não existem fatores únicos apontados como causadores da rinite alérgica ou de alergias de forma geral. O histórico familiar parece ser um elemento importante. Filhos de pais com alergia, tem 50% mais chances de apresentar um quadro alérgico (3). Em relação aos fatores ambientais, a chamada Hipótese da Higiene sugere que a exposição inadequada a micro-organismos nos primeiros anos de vida teria o potencial de favorecer o aparecimento de alergias (4). 

Mas, quais os sintomas da rinite alérgica? Os principais são: espirros, secreção aquosa, coceira e congestão nasais. É comum ainda ocorrer coceira no céu da boca, garganta e ouvidos assim como olhos vermelhos, inchados e lacrimejando (4). Os  sintomas podem se resolver espontaneamente ou exigir tratamento (1). Em geral, os sintomas ocorrem antes dos 40 anos de idade e diminuem gradativamente com a idade. Entretanto, a remissão completa é rara (5).

É importante ressaltar que infecções e outros agentes irritantes também podem influenciar a rinite alérgica. Assim, crianças com alergia, tem maior incidência de infecções do trato respiratório que por sua vez podem agravar ainda mais a rinite alérgica levando à complicações como sinusite e otite. De igual forma, agentes irritantes como fumaça de cigarro e poluentes podem agravar os sintomas (3). 

Vale destacar que a rinite é considerada grave quando os sintomas atrapalham o sono, interferem nas atividades diárias e causam dificuldades na escola ou no trabalho.

O diagnóstico deve ser feito com base no histórico do paciente, no exame físico e outros exames, que poderão inclusive, determinar o(s) agente(s) causador(es) da alergia. A piora dos sintomas à noite, por exemplo, pode indicar alergia a ácaros (3). 

Para o tratamento, existem atualmente três abordagens (3): 
- medidas ambientais;
- medicamentos;
- imunoterapia.

As medidas ambientais incluem a diminuição do contato com o agente causador de alergia. Em alguns casos, evitar completamente o contato com alérgeno pode ser praticamente impossível. Entretanto algumas atitudes simples podem ajudar na redução dos sintomas. Para evitar o contato com ácaros, mofo e pelos de animais recomenda-se (5):

- lavar roupas de cama em água quente semanalmente;
- remover bichos de estimação de áreas mais utilizadas, principalmente do quarto;
- manter em dia a higiene dos animais de estimação;
- utilizar capas antimofo em travesseiro e colchões;
- remover reservatórios como tapetes, cortinas e carpetes.

Quando são necessários medicamentos, a escolha deve considerar as condições específicas de cada paciente, como sintomas que são predominantes, idade e existência de outros problemas respiratórios como asma, por exemplo. Os antihistamínicos e os corticosteroides nasais são o tratamento de primeira linha. Entretanto, a eficácia dos corticosteroides nasais dependerá do uso regular e adequado dos sprays. Por isso, é importante que o paciente leia com cuidado as instruções de uso e converse com seu profissional de saúde. Veja as nossas dicas para o uso de sprays nasais.

Por fim, a imunoterapia tem como objetivo diminuir a sensibilidade do paciente ao alérgeno.  Em geral, está indicada para pessoas que apresentam sintomas por períodos prolongados ou em casos que o uso de medicamentos é contra-indicado. O principal inconveniente deste tratamento é o custo e a administração por meio de injeção subcutânea.

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Autora: Fernanda Lacerda da Silva Machado
Revisão: Danielle Martins Ventura, Juliana Givisiéz Valente, Luisa Arueira Chaves 

Referências:
1. IBIAPINA, C. DA C. et al. Rinite alérgica: aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 34, n. 4, abr. 2008. 
2. SCADDING, G. K. et al. BSACI guidelines for the management of allergic and non-allergic rhinitis: BSACI guidelines for allergic and non-allergic rhinitis. Clinical & Experimental Allergy, v. 38, n. 1, p. 19–42, 7 dez. 2007. 
3. SHAH S.B., EMANUEL I.A. Chapter 14. Nonallergic & Allergic Rhinitis. In: Lalwani AK. Eds. CURRENT Diagnosis & Treatment in Otolaryngology—Head & Neck Surgery, 3e. New York, NY: McGraw-Hill; 2012.
4. BESTPRACTICE. Disponível em <http://brasil.bestpractice.bmj.com/>.  Acessado em 13 de maio de 2015.
5. AUSTEN, K. Chapter 317. Allergies, Anaphylaxis, and Systemic Mastocytosis. In:Longo DL, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Jameson J, Loscalzo J. eds.Harrison's Principles of Internal Medicine, 18e. New York, NY: McGraw-Hill; 2012. 

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