Nos últimos anos chegaram ao mercado novos medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2, aquele que não depende de insulina, com diferentes formas de ação. Entretanto, com o aumento no uso destas substâncias têm sido observadas reações adversas importantes.
Agências responsáveis pela regulação de medicamentos na Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão tem divulgado alertas sobre o tema, assim como a Organização Mundial da Saúde.
Atualmente, existem muitas dúvidas se os novos medicamentos são realmente superiores aos tratamentos mais antigos e também sobre sua segurança a longo prazo. Assim, a metformina e as sulfonilureias (glibenclamida, gliclazida) representam ainda a primeira escolha no tratamento da diabetes tipo 2. Portanto, medicamentos mais recentes devem ser empregados apenas quando há alguma restrição de uso ao tratamento de primeira escolha.
Apresentamos aqui os principais efeitos adversos publicados recentemente dos novos tratamentos para redução da glicose no sangue divididos de acordo com as classes.
É importante que os pacientes não suspendam seus tratamentos por conta própria. Entretanto, devem ficar atentos ao surgimento destes sintomas e caso ocorram, devem procurar atendimento médico imediatamente. Vale lembrar que a diabetes quando não é tratada pode resultar em problemas sérios tais como, cegueira, problemas cardiovasculares e nos rins.
Medicamentos que atuam na eliminação da glicose - canagliflozina
(InvokanaÒ) e empagliflozina (JardianceÒ)
O uso destes medicamentos pode resultar em aumento na
quantidade de ácidos no sangue, condição conhecida como cetoacidose. Os
sintomas incluem náuseas, vômitos, dores abdominais, cansaço e dificuldade de
respirar. Este problema pode ocorrer
mesmo se os níveis de glicose não estiverem muito elevados.
Além disso, os pacientes também devem ficar atentos ao
surgimento de sintomas de infecções do trato urinário como sensação de ardência
ao urinar ou necessidade de urinar frequente, dor na região mais baixa da
barriga, febre ou sangue na urina. Procure atendimento médico caso observe
algum destes sintomas.
Recentemente, a
agência FDA alertou que a canagliflozina pode reduzir a densidade mineral
óssea, ou seja, tornar os ossos mais fracos e consequentemente, aumentar a
chance de fratura. Assim, deve-se ter cautela no uso em pacientes com maior
risco de fraturas.
Medicamentos que atuam sobre as incretinas (hormônios
intestinais que participam na regulação dos níveis de glicose) - exenatida (ByettaÒ), liraglutida (VictozaÒ), lixisenatida (LyxumiaÒ), sitagliptina (JanuviaÒ), vildagliptina (Galvus Ò), saxagliptina (OnglyzaÒ)
Foram notificados problemas de obstrução intestinal em
pacientes em uso de sitagliptina, exenatida e liraglutida. Como estes
medicamentos reduzem o movimento do trato intestinal, há risco de problemas
intestinais graves. Assim, recomenda-se cautela no uso em pacientes com
histórico de cirurgias abdominais ou obstrução intestinal.
Além disso, há relatos de casos de dores nas articulações e
artrite em pacientes tratados com medicamentos da classe das gliptinas (sitagliptina, vildagliptina e saxagliptina). Em
geral, a dor ocorre durante o primeiro mês de tratamento. Caso o paciente apresente este sintoma
deve-se confirmar a possível causa, pois outros medicamentos para osteoporose
ou colesterol, por exemplo, também podem causar dores nas articulações ou
muscular.
Veja também: Diabetes.
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Referências:
FUNDACIÓ INSTITUT CATALÀ DE
FARMACOLOGIA. Butlletí groc. Nuevos hipoglucemiantes: sin noticias de
eficacia y nuevos efectos adversos, v. 28, n. 3, jul. 2015. Disponível em:
<http://www.icf.uab.es/informacion/boletines/bg/bg283.15e.pdf>. Acesso
em: 10 dez. 2015.
FDA. FDA
Drug Safety Communication: FDA warns that DPP-4 inhibitors for type 2 diabetes
may cause severe joint pain. Disponível em: <http://www.fda.gov/drugs/drugsafety/ucm459579.htm>.
Acesso em: 10 dez. 2015.
FDA. FDA
revises label of diabetes drug canagliflozin (Invokana, Invokamet) to include
updates on bone fracture risk and new information on decreased bone mineral
density. Disponível
em: <http://www.fda.gov/drugs/drugsafety/drugsafetypodcasts/ucm462419.htm>.
Acesso em: 10 dez. 2015.
FDA. FDA
revises labels of SGLT2 inhibitors for diabetes to include warnings about too
much acid in the blood and serious urinary tract infections. Disponível em: <http://www.fda.gov/drugs/drugsafety/ucm475463.htm>.
Acesso em: 10 dez. 2015.
WORLD
HEALTH ORGANIZATION. Safety news. WHO Drug Information, v. 29, n. 3,
[S.d.]. Disponível
em: <http://www.who.int/medicines/publications/druginformation/issues/WHO_DI_29-3_Safety.pdf>.
Acesso em: 10 dez. 2015.
Autora: Fernanda Lacerda da Silva Machado (Farmacêutica)
Revisão:
Danielle Maria de Souza Sério dos Santos
Danielle Martins Ventura
Excelente o trabalho que vocês fazem. O último parágrafo de fundamental importância, porque além das estatinas o outro medicamento cujo PA é ezetimiba que em algumas situações os médicos associam para reduzir os níveis de colesterol + medicamentos da classe das gliptinas para reduzir os níveis de glicose no sangue causando dores nas articulações o paciente não vai aderir ao tratamento. Faço uso apenas de ezetimiba + metformina e sinto dores nas articulações como nunca havia sentido antes. Apresentei rabdomiólise após dois anos com a utilização da sinvastatina e testei as demais do mercado brasileiro e os sintomas eram idênticos.
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