sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Vacinas para COVID-19: como a informação afeta a sua decisão?

por Fernanda Lacerda da S. Machado

A decisão sobre usar ou não vacinas é influenciada por diversos fatores: exposição a visões negativas, opiniões de líderes políticos, experiências prévias com os serviços de saúde, assim como contexto social, cultural, comunitário e religioso. Em geral, as pessoas tem uma tendência maior para se vacinar quando:

- É de graça, fácil e conveniente;

- Confiam na vacina e na instituição que está oferecendo;

- Formadores de opinião, amigos, familiares ou outras pessoas semelhantes já foram vacinadas;

- Compreendem como a decisão pode contribuir para a proteção da comunidade;

- Reconhecem o risco da doença e consideram que os benefícios da vacina compensam as possíveis reações adversas.

Entretanto, estas decisões se tornam ainda mais complexas em meio à epidemia de informação que vivemos. Enquanto, as redes sociais tornaram-se campo de batalha de defensores fervorosos dos movimentos anti e pró-vacina, é preciso considerar que a aceitação varia ao longo de um espectro. Nem todo mundo que tem dúvidas é um negacionista antivacina. Há questões que são válidas e que merecem esclarecimentos.


Figura: Espectro de intenções de vacinação da COVID-19 (Adaptado de WHO e Lewandowsky et al., 2021).

Portanto, assim como é necessário planejar a distribuição de vacinas e seringas, também é primordial que os órgãos competentes desenvolvam estratégias de comunicação para diferentes públicos. Para os ativistas antivacina e os que rejeitam, a comunicação deve ter como objetivos reduzir o impacto em outros grupos e minimizar seu alcance. Em alguns casos, a resposta dada à desinformação acaba por reforçar a crença em sua veracidade, principalmente se a correção for contra os valores do sujeito que acredita nela.

As restrições dos hesitantes podem estar associadas a fatores como o processo de desenvolvimento da vacina ou às potenciais reações adversas. Esta decisão pode mudar conforme eles tenham mais acesso à informação de forma a esclarecer possíveis dúvidas. Isso pode ser resolvido com uma conversa com um profissional de saúde competente e bem informado, capaz de desenvolver um processo de escuta adequado, demonstrando empatia com as preocupações apresentadas, sem utilizar um tom de ameaça ou que desperte medo. Os profissionais de saúde representam um dos influenciadores mais importantes para decisões de vacinação.

Além de profissionais de saúde capacitados, é preciso que a sociedade tenha acesso à informação de forma imparcial e clara, em uma linguagem adequada, de acordo com as suas necessidades. Algumas pessoas não se interessam em conhecer o percentual de efeitos adversos comuns, enquanto outros querem saber o que significam os números de eficácia divulgados pela imprensa, quais as contraindicações e os riscos específicos para grupos de uma faixa etária específica ou com comorbidades.

Cabe destacar que uma comunicação de risco apropriada deve reconhecer que as vacinas podem ter reações adversas que são potencialmente desconfortáveis, porém transitórias. Em contrapartida, uma comunicação excessivamente confiante ou que minimize riscos pode ter um efeito contrário e resultar em descrença, principalmente se as expectativas não forem alcançadas.

De igual forma, é importante estar preparado para efeitos que não tem relação direta com a vacinação. O fato de uma pessoa receber um diagnóstico de câncer imediatamente após a vacina, não significa necessariamente que a vacina desencadeou a doença. Para obter estas respostas, estudos que acompanham um grande número de pessoas são conduzidos para avaliar se a frequência de uma determinada reação é maior do que seria esperada pelo acaso. 


E você, como está sua disposição para tomar a vacina? Que dúvidas mais te incomodam?
Como você acha que está o acesso à informação sobre as vacinas que serão empregadas no Brasil? Deixe seu comentário.


Referências:
Lewandowsky, S. et al. (2021). The COVID-19 Vaccine Communication Handbook. A practical guide for improving vaccine communication and fighting misinformation. Disponível em: https://sks.to/c19vax. Acesso em 15 de janeiro de 2021.
United Nations Children’s Fund. Vaccine Misinformation Management Field Guide. New York, 2020.
World Health Organization. Covid-19 vaccines: safety surveillance manual. Disponível em: . Acesso em 15 de janeiro de 2021.

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