Os
medicamentos antiácidos são agentes que diminuem a acidez estomacal, usados
contra azia, má digestão e desconforto gástrico. Esses medicamentos agem de
forma relativamente rápida, trazendo um alívio imediato aos sintomas. Entre os
antiácidos disponíveis no mercado, existem aqueles de venda livre que não
necessitam de prescrição médica para serem comercializados e estão entre os
medicamentos mais usados sem orientação médica no Brasil e o seu uso contínuo
ou excessivo pode gerar problemas de saúde ao usuário.
O uso dos
antiácidos agem apenas no alívio de sintomas e desconfortos gerados pela acidez
estomacal, não tratando a causa do problema que está comprometendo o bem-estar
do paciente, e em muitas vezes, o uso de forma contínuo e sem acompanhamento
médico pode mascarar algum problema de saúde mais grave que poderia estar sendo
tratado de forma mais eficaz e também pode agravar lesões gástricas
pré-existentes e inadequadamente tratadas. Além disso, o acúmulo desses
medicamentos no organismo, causado pelo uso em excesso, pode levar a
complicações à saúde, sendo recomendado não usar estes medicamentos
continuamente durante mais de duas semanas seguidas.
Os antiácidos
são normalmente compostos de sais e carbonatos, sendo os mais comuns os sais de
Alumínio e Magnésio, Carbonato de Cálcio e Bicarbonato de Cálcio, na maioria
das vezes, sua formulação é constituída por dois ou mais destes componentes em
associação e são apresentados na forma de pastilha efervescente, pó
efervescente, comprimido mastigável e solução e a escolha do antiácido ideal
envolve a adequação da composição destes medicamentos e análise do histórico de
saúde do paciente. Medicamentos com sais de alumínio em sua formulação podem agravar
a prisão de ventre, enquanto os sais de magnésio tendem a estimular à diarreia,
sendo inclusive também utilizados como laxantes, e por esta razão, é necessário
escolher o antiácido mais adequado às condições fisiológicas do usuário. É
comum a associação de sais de alumínio e magnésio para equilibrar estes efeitos
opostos de diarreia e prisão de ventre.
Ainda assim, algumas
condições de saúde devem receber atenção especial quanto ao uso de antiácidos.
Pacientes com insuficiência renal possuem uma maior dificuldade de eliminar
esses medicamentos do organismo e o acúmulo de sais de magnésio e alumínio
podem acarretar em problemas no cérebro (encefalopatias), doenças ósseas e,
caso este paciente seja portador da Doença de Alzheimer, ela pode ser agravada.
Já o uso de bicarbonato de sódio em pacientes com insuficiência renal gera um
desequilíbrio, diminuindo a acidez do sangue abaixo das taxas normais. O uso de
antiácidos em quantidades elevadas ou por tempo prolongado também gera acúmulo
dessas substâncias no organismo, podendo acarretar os mesmos problemas
descritos acima em usuários sem problemas de saúde anteriores.
Pacientes com
dietas pobres em fósforo e crianças menores de dois anos não devem utilizar
antiácidos, porque estes diminuem os níveis de fósforo no organismo,
acarretando um desequilíbrio das taxas de cálcio, podendo causar problemas
ósseos relacionados à perda de minerais. Se for necessário utilizar antiácidos
nestes pacientes, é importante incluir a suplementação alimentar de fósforo.
Pessoas com
problemas de saúde relacionados ao coração como insuficiência cardíaca e
hipertensão arterial também não devem utilizar antiácidos sem consultar o
médico, porque o bicarbonato de sódio tende a elevar o nível de sal no sangue, podendo
aumentar a pressão arterial e agravar esses problemas de saúde. Também por este
motivo, os antiácidos com bicarbonato de sódio em sua formulação não são
recomendados às pessoas com restrições alimentares de sal.
Ademais, os
antiácidos interagem com vários outros medicamentos, como alguns antibióticos e
medicamentos para hipertensão, influenciando na eficiência destes tratamentos.
Recomenda-se não usar antiácidos com o antibiótico tetraciclina, porque há
diminuição da ação deste antibiótico. Para diminuir a influência dos antiácidos
na ação medicamentosa de outros tratamentos de saúde, orienta-se ingeri-lo,
pelo menos, duas horas antes de outros medicamentos e sempre com um copo cheio
de água.
Apesar desses
potenciais males, os antiácidos representam estratégias interessantes no
tratamento de condições clínicas que afetam à saúde, porém, como qualquer outro
medicamento, possuem efeitos negativos ao organismo e influência na ação e eficácia
de outros medicamentos utilizados juntos e o uso excessivo pode gerar ou
agravar problemas de saúde, por isso deve-se usar com cautela e sempre com
orientação do médico e/ou farmacêutico.
Autor: Juliana Givisiéz Valente
Revisão:
Danielle Maria de Sousa S. dos Santos
Fernanda L. da Silva Machado
Luisa Arueira Chaves
Samantha Monteiro Martins
Referências
Fonseca, Almir L. Interações Medicamentosas. EPUB-Editora de
publicações biomédicas 3ª edição, 2001
Goodman e Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica.
11ª edição, 2005.
Lima D. R. Manual de Farmacologia Clínica, Terapêutica e
Toxicologia, 2004
Micromedex Healthcare
Series. DRUGDEX System. Greenwood Village, CO: Truven Health Analytics, 2013. http://www.thomsonhc.com/, acessado em
29/03/2014
Ótimo resumo! Relembrando.
ResponderExcluirMuito esclarecedor👏👏👏👏tirou realmente minhas dúvidas sobre antiácidos e pressão alta,obrigada a toda a equipe médica!
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