segunda-feira, 31 de março de 2014

Antiácidos: Alertas e Cuidados

Os medicamentos antiácidos são agentes que diminuem a acidez estomacal, usados contra azia, má digestão e desconforto gástrico. Esses medicamentos agem de forma relativamente rápida, trazendo um alívio imediato aos sintomas. Entre os antiácidos disponíveis no mercado, existem aqueles de venda livre que não necessitam de prescrição médica para serem comercializados e estão entre os medicamentos mais usados sem orientação médica no Brasil e o seu uso contínuo ou excessivo pode gerar problemas de saúde ao usuário.

 O uso dos antiácidos agem apenas no alívio de sintomas e desconfortos gerados pela acidez estomacal, não tratando a causa do problema que está comprometendo o bem-estar do paciente, e em muitas vezes, o uso de forma contínuo e sem acompanhamento médico pode mascarar algum problema de saúde mais grave que poderia estar sendo tratado de forma mais eficaz e também pode agravar lesões gástricas pré-existentes e inadequadamente tratadas. Além disso, o acúmulo desses medicamentos no organismo, causado pelo uso em excesso, pode levar a complicações à saúde, sendo recomendado não usar estes medicamentos continuamente durante mais de duas semanas seguidas.

Os antiácidos são normalmente compostos de sais e carbonatos, sendo os mais comuns os sais de Alumínio e Magnésio, Carbonato de Cálcio e Bicarbonato de Cálcio, na maioria das vezes, sua formulação é constituída por dois ou mais destes componentes em associação e são apresentados na forma de pastilha efervescente, pó efervescente, comprimido mastigável e solução e a escolha do antiácido ideal envolve a adequação da composição destes medicamentos e análise do histórico de saúde do paciente. Medicamentos com sais de alumínio em sua formulação podem agravar a prisão de ventre, enquanto os sais de magnésio tendem a estimular à diarreia, sendo inclusive também utilizados como laxantes, e por esta razão, é necessário escolher o antiácido mais adequado às condições fisiológicas do usuário. É comum a associação de sais de alumínio e magnésio para equilibrar estes efeitos opostos de diarreia e prisão de ventre.

Ainda assim, algumas condições de saúde devem receber atenção especial quanto ao uso de antiácidos. Pacientes com insuficiência renal possuem uma maior dificuldade de eliminar esses medicamentos do organismo e o acúmulo de sais de magnésio e alumínio podem acarretar em problemas no cérebro (encefalopatias), doenças ósseas e, caso este paciente seja portador da Doença de Alzheimer, ela pode ser agravada. Já o uso de bicarbonato de sódio em pacientes com insuficiência renal gera um desequilíbrio, diminuindo a acidez do sangue abaixo das taxas normais. O uso de antiácidos em quantidades elevadas ou por tempo prolongado também gera acúmulo dessas substâncias no organismo, podendo acarretar os mesmos problemas descritos acima em usuários sem problemas de saúde anteriores.

Pacientes com dietas pobres em fósforo e crianças menores de dois anos não devem utilizar antiácidos, porque estes diminuem os níveis de fósforo no organismo, acarretando um desequilíbrio das taxas de cálcio, podendo causar problemas ósseos relacionados à perda de minerais. Se for necessário utilizar antiácidos nestes pacientes, é importante incluir a suplementação alimentar de fósforo.

Pessoas com problemas de saúde relacionados ao coração como insuficiência cardíaca e hipertensão arterial também não devem utilizar antiácidos sem consultar o médico, porque o bicarbonato de sódio tende a elevar o nível de sal no sangue, podendo aumentar a pressão arterial e agravar esses problemas de saúde. Também por este motivo, os antiácidos com bicarbonato de sódio em sua formulação não são recomendados às pessoas com restrições alimentares de sal.

Ademais, os antiácidos interagem com vários outros medicamentos, como alguns antibióticos e medicamentos para hipertensão, influenciando na eficiência destes tratamentos. Recomenda-se não usar antiácidos com o antibiótico tetraciclina, porque há diminuição da ação deste antibiótico. Para diminuir a influência dos antiácidos na ação medicamentosa de outros tratamentos de saúde, orienta-se ingeri-lo, pelo menos, duas horas antes de outros medicamentos e sempre com um copo cheio de água.

Apesar desses potenciais males, os antiácidos representam estratégias interessantes no tratamento de condições clínicas que afetam à saúde, porém, como qualquer outro medicamento, possuem efeitos negativos ao organismo e influência na ação e eficácia de outros medicamentos utilizados juntos e o uso excessivo pode gerar ou agravar problemas de saúde, por isso deve-se usar com cautela e sempre com orientação do médico e/ou farmacêutico.

Autor: Juliana Givisiéz Valente

Revisão:
Danielle Maria de Sousa S. dos Santos
Fernanda L. da Silva Machado
Luisa Arueira Chaves
Samantha Monteiro Martins

   Referências
Fonseca, Almir L. Interações Medicamentosas. EPUB-Editora de publicações biomédicas 3ª edição, 2001

Goodman e Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11ª  edição, 2005.

Lima D. R. Manual de Farmacologia Clínica, Terapêutica e Toxicologia, 2004
Micromedex Healthcare Series. DRUGDEX System. Greenwood Village, CO: Truven Health Analytics, 2013. http://www.thomsonhc.com/, acessado em 29/03/2014

2 comentários:

  1. Muito esclarecedor👏👏👏👏tirou realmente minhas dúvidas sobre antiácidos e pressão alta,obrigada a toda a equipe médica!

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