A impotência sexual masculina é um problema de saúde que
afeta principalmente homens maduros e idosos, caracterizada pela incapacidade
de manter a ereção peniana suficiente para a relação sexual. Esta condição
clínica é conhecida como disfunção erétil e ocorre quando apesar de existir o
estímulo sexual, o pênis não se enche de sangue em quantidades suficiente para
haver a ereção1. Existem fatores de risco que predispõe o homem à
disfunção erétil como hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, tabagismo,
consumo excessivo de álcool, obesidade, doenças na próstata, depressão e idade
avançada. Vários desses fatores podem ser amenizados com um estilo de vida saudável,
alimentação balanceada, práticas de exercícios físicos e diminuição de hábitos
nocivos à saúde, e assim, diminuindo as possibilidades de desenvolvimento da
disfunção erétil.
Os medicamentos usados para tratar esta condição, ajudam a
manter o fluxo sanguíneo adequado no órgão sexual masculino durante a relação,
havendo diminuição do fluxo ao final do ato sexual2, através da inibição da enzima Fosfodiesterase 5 (PDE 5). Assim, esses
medicamentos favorecem a dilatação de artérias que fazem a irrigação sanguínea
local e promovem o relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos
(principal estrutura erétil do pênis), facilitando a ereção2,3.
Entretanto, apenas o medicamento não viabiliza a ereção, sendo necessário haver
também o estímulo sexual e o desejo de se realizar o ato. Em 1998, foi
comercializado o primeiro medicamento disponível para a terapêutica, o
Sildenafila, popularizado pelo nome comercial Viagra® e hoje, já existem outras
opções no mercado farmacêutico como o Tadalafila, Lodenafila e Vardanafila3.
Medicamentos para o tratamento da disfunção erétil
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Substância ativa
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Nome comercial
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Existe equivalente genérico disponível no mercado
brasileiro até a
presente data?
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Sildenafila
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Viagra®
Dejavú®
Suvvia®
Sollevare®
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Sim
Citrato de sildenafila
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Tardalafila
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Cialis®
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Não
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Lodenafila
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Helleva®
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Não
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Vardenafila
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Levitra®
Helleva®
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Não
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No entanto, os
medicamentos para disfunção erétil apresentam diversos riscos à saúde, quando
usados em condições impróprias e sem orientação médica. A maior preocupação
clínica no uso desses tratamentos, considerado como contraindicação absoluta, é
o uso simultâneo com medicamentos que contenham nitratos, usados para angina
pectoris (angina de peito), insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e
outras emergências cardíacas, como por exemplo, propatil nitrato (Sustrate®),
isosorbida (Monocordil®, Cincordil® e isordil®), nitroglicerina (Nitradisc®,
Nitroderm TTS ®, Nitronal® e Tridil®) e dinitrato de isossorbitol (Isocord®).
Esta associação pode produzir notáveis reduções da pressão arterial e já houve
relatos de pacientes que vieram a óbito devido a esta associação. Inclusive,
devido a este grave problema, é muito importante que pacientes usuários de
medicamentos contra a disfunção erétil, caso sejam internados com suspeita de
infarto, angina ou outros males relacionados a problemas do coração, avisem a
equipe médica do uso prévio dos medicamentos contra a disfunção erétil2, 4.
Outra classe de medicamentos que devem ser observados
cautelosamente durante o uso de tratamentos contra a disfunção erétil são
aqueles usados no tratamento da hiperplasia prostática benigna, como a
prazosina (Minipress SR®), terazosina (Hytrin®), doxazosina (Carduran®),
classificados nos estudos farmacológicos como bloqueadores α1-seletivos. Estes
causam uma redução da pressão sanguínea, podendo acarretar hipotensão postural,
que consiste na diminuição da pressão arterial no ato de se levantar e esta
condição pode ser particularmente agravada pelo uso de medicamentos contra a
disfunção erétil. Outras interações importantes ocorrem quando utilizam-se os
tratamentos da impotência sexual junto com alguns medicamentos específicos e
este uso simultâneo pode aumentar ou diminuir a ação terapêutica e a toxidez de
ambos os tratamentos, isto ocorre com alguns antibióticos (ex: eritromicina),
antifúngicos (ex: cetoconazol e itraconazol) e medicamentos utilizados na
terapia antiretroviral (ex: saquinovir e ritonavir), por isso, torna-se
necessário relatar ao médico todos os medicamentos usados, para que seja
avaliado os riscos e benefícios de cada tratamento 2, 4.
Os medicamentos
contra a disfunção erétil também podem acarretar alguns outros sintomas
desagradáveis como cefaleia em cerca de 10% dos pacientes e em 1 a 10% dos
usuários ocorrem tonturas, visões turvas, onda de calor, rubor, congestão nasal,
má digestão e náuseas. Em alguns
pacientes, já foram relatados rinite, sonolência, fotofobia e distúrbios de
visualizações de cores, no entanto, estes são considerados efeitos raros 2,3,4.
Existem condições clínicas que devem ser avaliadas antes de
se iniciar o tratamento contra a disfunção erétil, por isso faz-se necessário à
avaliação médica. Pacientes com problemas cardíacos graves, insuficiência
cardíaca, batimentos cardíacos irregulares, aqueles que sofreram ataques
cardíacos ou possuam pressão arterial descontrolada devem ser criteriosamente
avaliados quando a possibilidade de utilizar esta classe de medicamentos.
Deve-se considerar também que a atividade sexual, assim como qualquer outra
atividade física, aumenta a exigência do coração, podendo elevar o risco de
ataques cardíacos durante o ato sexual, por isso deve ser realizada uma
avaliação da condição cardiovascular em pacientes com graves problemas no
coração antes de utilizar tratamentos contra a disfunção erétil. Outra condição
que deve ser observado com bastante cautela são as doenças que predispõem ao
priapismo, como anemia falciforme, mieloma múltiplo ou leucemia. O priapismo é
a ereção peniana prolongada, que pode alcançar mais de 4 horas de duração,
sendo altamente dolorosa e este efeito pode ser fortemente agravado pelo uso de
medicamentos contra a disfunção erétil5.
Por fim, o tratamento da disfunção erétil não deve basear-se
somente no uso da terapia medicamentosa, aliando-se também com as já citadas
medidas não farmacológicas, sempre acompanhado de avaliação, orientação e
supervisão médica. Dessa forma, é possível melhorar consideravelmente a
qualidade de vida, com prazer e saúde.
Autor: Juliana
Givisiéz Valente
Revisor:
Danielle Maria de Sousa S. dos Santos
Danielle Martins Ventura
Luisa Arueira Chaves
Referências
1. 1.Freitas
VM, Menezes FG, Antonialli MMS, Nascimento JWL. Frequência de uso de inibidores
de fosfodiesterase-5 por estudantes universitários. São Paulo, 2008. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v42n5/6854.pdf Acesso em: 23/09/2013.
2. Goodman
e Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica. 11ª edição. McGrawHill, 2006.
3 3. Smith
KM, Romanelli F. Recreational use and misuse of phosphodiesterase 5 inhibitors.
Journal of the American Pharmacists Association; 45: 63-75, 2005.
4 4. Micromedex
Healthcare Series. DRUGDEX System. Greenwood Village, CO: Truven Health
Analytics, 2014. http://www.thomsonhc.com/, acessado em 27/03/2014.
1 5. Shamloul
R, Ghanem H. Erectile dysfunction. Lancet October 2013; 381: 153-165. doi:
10.1016/S0140-6736(12)60520-0.
Pessoal, ótimo texto! A venda de "sildenafil" em drogarias está absurda, são homens de todas as idades...as consequências veremos depois...
ResponderExcluirAcho importante que os Farmacêuticos conversem com o paciente antes da venda para tentarem minimizar os riscos de interação medicamentosa...,
Abçs
Adriany
Muito bom
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