Tosse
e irritação de garganta são eventos frequentes entre pessoas de ambos os sexos,
idades e classes sociais e podem ser causados por agentes infecciosos ou
irritativos (1). É muito comum o uso de pastilhas para o alívio destes
sintomas, no entanto, será esta a melhor solução?
Existem
diversas formulações de pastilhas no mercado, com efeitos terapêuticos
diferenciados, algumas, por exemplo, possuem ação antimicrobiana, enquanto
outras possuem apenas ação anestésica ou anti-inflamatória (2). Então,
primeiramente, devemos identificar qual o fator está acarretando os problemas
relacionados para, assim, escolher a pastilha ideal.
Infecções
virais ou bacterianas podem acarretar gripes e resfriados, e nestes casos, as pastilhas
podem ser um importante complemento no tratamento, uma vez que atuam no manejo
dos sintomas e proporcionam alívio ao paciente. No entanto, o efeito anestésico
das pastilhas pode mascarar quadros de infecções mais graves, por isso é
importante consultar o médico para obtenção do tratamento correto (3).
Os
quadros de tosse, dor e irritação de garganta também podem ser decorrentes de
fatores irritativos, e nestes casos, as pastilhas podem contribuir no alívio
dos sintomas. No entanto, é interessante escolher uma formulação que não
contenha substâncias antimicrobianas, uma vez que o uso desnecessário destas
pode contribuir para o aumento da resistência bacteriana aos tratamentos
medicamentosos, podendo acarretar na falha da terapêutica contra infecções (4).
Também
devemos tomar cuidado na utilização das pastilhas para o tratamento da tosse. A
tosse representa um importante mecanismo de defesa do organismo e sinaliza a
presença de inflamações, infecções ou irritações nas vias aéreas e pulmão,
sendo sempre importante investigar sua causa para detectar outros possíveis
problemas de saúde. O uso de medicamentos contra tosse como pastilhas e xaropes
sem orientação médica pode mascarar uma doença mais grave (3).
Além
de que, o uso vocal excessivo, principalmente, por pessoas que utilizam a voz
mais intensamente, como cantores e professores, pode afetar a saúde vocal,
levando a irritação, tosse e disfonia, ou seja, alterações na produção da voz e
as pastilhas podem contribuir no alívio desses sintomas. Porém, o uso excessivo
pode agravar o problema, uma vez que, o efeito anestésico causado pelas
pastilhas pode incentivar a continuação do uso excessivo da voz, em vez de
conceder descanso às pregas vocais, importante para a manutenção da saúde. A
rouquidão pode ser sintoma de diversas doenças do aparelho fonorrespiratório,
incluindo câncer de laringe, e ao ser mascarada pelo uso de pastilhas que
aliviam sua manifestação, pode atrasar o correto diagnóstico e tratamento de
doenças que, em estágio avançado, podem exigir até mesmo cirurgias para
controle (5).
Ademais,
muitas vezes existem estratégias mais simples para o manejo dos sintomas,
dispensando o uso de medicamentos. O fumo e o álcool, por exemplo, podem causar
irritação na garganta, sendo recomendada a suspensão de ambos. Outro fator é o
uso constante do ar-condicionado que pode causar ressecamento das cordas
vocais, gerando irritações na garganta, porém, este quadro pode ser facilmente
aliviado com pequenos goles de água em temperatura ambiente de 15 em 15
minutos, sem necessidade de medicamentos (4).
A
persistência de sintomas como dor ao engolir, rouquidão, ardência, dor ao falar
ou cansaço vocal deve ser investigada por fonoaudiólogo e/ou médico. Estes
profissionais são habilitados a investigar as causas do problema e a indicar as
condutas adequadas para cada caso. Estas situações devem ser tratadas
individualmente, ou seja, mesmo que uma pessoa muito próxima e que exerça
atividades semelhantes esteja com os mesmos sintomas que você, o organismo dela
responde de maneira individual e única ao problema, e cada um deverá
identificar os cuidados específicos para si, junto a profissionais.
Assim
como qualquer medicamento, as pastilhas possuem contraindicações e efeitos
colaterais. Como exemplo, a benzidamina, substância presente em diversas
formulações de pastilhas, quando usada excessivamente pode causar dor de
cabeça, sonolência e o seu uso concomitante com álcool, ou outros medicamentos
como anti-inflamatórios e corticoides podem potencializar efeitos adversos
gastrointestinais (2).
Devemos
atentar também que cada formulação possui um limite máximo do número de
pastilhas que pode ser consumido por dia e cada uma possui uma idade mínima
para fazer uso do medicamento. Confira estas e outras informações sobre as
principais formulações presentes do mercado nas tabelas abaixo (2):
Princípio ativo
Cloridrato de difenidramina + cloreto de amônio + Citrato
de sódio
|
Nome comercial
Benalet®, Benatux®, Endcoff®
|
Posologia
Limitar a 2 pastilhas por hora, até o limite máximo de 8
pastilhas por dia
|
Indicação terapêutica
Ação antialérgica e expectorante. Indicado no tratamento
da tosse, infecções na garganta e faringite
|
Observações
Contraindicações:
- pessoas com deficiência da função hepática ou renal;
glaucoma de ângulo agudo; hipertrofia prostática com formação de urina
residual; epilepsia; síndrome de QT longo congênita; bradicardia;
hipomagnesemia; hipocalemia; feocromocitoma; arritmias cardíacas; ataque
asmático agudo e diabetes.
-durante a lactação, pois o cloridrato de difenidramina é excretado no leite materno e devido ao potencial de ocorrência de reações adversas em lactentes, principalmente recém-nascidos e prematuros; -uso concomitante com tranquilizantes, sedativos hipnóticos, outros fármacos anticolinérgicos e/ou inibidores da monoaminoxidase (MAO); -em situações que exijam grande atenção mental, como a condução de veículos ou a operação de máquinas pesadas. - contraindicado para menores de 12 anos |
Princípio ativo
benzidamina
|
Nome comercial
Flogoral®, Coflogex®, Angino-Rub®
|
Posologia
Limitar a 10 pastilhas por dia
|
Indicação terapêutica
Ação anti-inflamatória e analgésica. Tratamento de
processos inflamatórios e alívio dos sintomas de dor na boca e garganta
|
Observações
Contraindicado para menores de 6 anos
|
Princípio ativo
Benzocaína +tirotricina
|
Nome comercial
Amidalin®
|
Posologia
Usar 1 pastilha por hora ou no máximo 10 por dia
|
Indicação terapêutica
Ação antibacteriana e anestésica tópica. Indicado para o
alívio de irritações e dores orofaríngeas oriundas de infecções ou
processos cirúrgicos e no auxílio no tratamento de:
amidalite, faringite, laringite, gengivite, estomatite,
angina de Vincent e afta.
|
Observações
Contraindicado para menores de 8 anos
|
Princípio ativo
Cloreto de cetilpiridino + benzocaína
|
Nome comercial
Cepacaína®, Neopiridin®
|
Posologia
De acordo com a necessidade, não excedendo a 6 pastilhas
por dia
|
Indicação terapêutica
Pastilhas antisséptica e anestésica da boca e garganta
Promove alívio rápido e temporário das dores e irritações
da boca e da garganta provocadas por faringites,
amigdalites, estomatites, resfriados e por procedimentos odontológicos e
pequenas cirurgias da boca e garganta
|
Observações
As gorduras presentes no leite e nos ovos antagonizam os
efeitos do cloreto de cetilpiridínio
|
Princípio ativo
Titrosina +quinosol+ benzocaína
|
Nome comercial
Malvatricin®
|
Posologia
Usar 4 vezes ao dia ou de acordo com as instruções do
dentista ou do médico. Para uma melhor ação do produto, é aconselhável não
comer ou beber durante 30 minutos após o uso.
|
Indicação terapêutica
Pastilhas antisséptica e anestésica da boca e garganta,
usadas contra afecções da boca, aftas e dor de garganta.
|
Observações
Contraindicado para menores de 6 anos
|
Referências
Eccles, R. Understanding the symptoms of the common cold and
influenza. Lancet Infect Dis 2005; 5: 718–725
Micromedex Healthcare Series. DRUGDEX System. Greenwood
Village, CO: Truven Health Analytics, 2013. http://www.thomsonhc.com/. Accessed
January 2, 2013.
TAMI, T. A. Distúrbios da garganta, in: GOLDMAN, L.;
AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, cap. 455, p.
3339-3342
MIMS, C. et al. Infecções do trato respiratório superior,
in: Microbiologia Médica. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, cap. 18, p.
217-233.
Jardim R, Barreto SM, Assunção AA. Voice Disorder: case
definition and prevalence in teachers. Rev. Bras. Epidemiol. [Internet]. 2007
Dec. [Acesso 10 jul 2008];10(4):625-36.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caso queira enviar uma dúvida, utilize nosso Formulário na aba Envie aqui sua pergunta (http://crimufrjmacae.blogspot.com.br/p/envie-aqui-sua-pergunta.html).