Por: Yanca Nunes e Luiz SuvobidaA variante Ômicron e a vacinação: O que sabemos até o momento
A importância da dose de reforço no combate a novas variantes da Covid-19
As novas variantes de um vírus surgem por um processo natural e esse processo é chamado de mutação. As mutações ocorrem ao acaso, porém quando essas mutações conferem vantagens adaptativas a um organismo, são selecionadas pelo meio e tendem a gerar organismos que serão predominantes em relação ao organismo original.
Um vírus ao entrar em contato com uma célula tem como objetivo realizar a replicação e assim, gerar novos vírus. Toda vez que esse processo acontece existe a chance de ocorrer alguma mutação que pode conferir vantagens adaptativas. Quando o vírus se replica com essa nova mutação, isso pode lhe conferir algumas vantagens, e desta forma surgem as novas variantes, como é o caso do novo coronavírus, SARS-COV-2, responsável por causar a COVID19, a partir do qual, desde sua descoberta em dezembro de 2019 até a presente data, têm sido identificadas várias variantes.
Hoje sabemos que algumas medidas de proteção como o uso da máscara, higienização das mãos, evitar aglomerações, manter o distanciamento social e completar o esquema vacinal são medidas importantes para conter a disseminação das novas variantes do SARS-COV-2, pois quanto menor for a transmissão do vírus, há menos chances dele sofrer mutação.
A nova variante Ômicron foi detectada pela primeira vez em 9 de novembro de 2021 na África do Sul, em Botsuana. Essa variante inclui mais de 50 mutações e é considerada como uma variante que tem causado preocupação na Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a OMS essa nova variante (ômicron) contém alterações genéticas que conferem ao vírus uma maior transmissibilidade. Hoje a variante ômicron é a predominante no Brasil.
Porque mesmo vacinadas as pessoas continuam se infectando?
Muitos questionamentos têm sido levantados sobre a eficácia das vacinas, pois muitas pessoas que já completaram o esquema vacinal têm apresentado diagnóstico positivo para Covid-19. No entanto, é importante ressaltar que as vacinas contra a Covid-19 previnem os casos mais graves da doença que causam hospitalização e até mesmo morte. A vacina é desenvolvida para prevenir casos leves, moderados e graves da doença, porém com o passar do tempo, a eficácia de algumas vacinas é reduzida devido a uma diminuição da imunidade do paciente ou se mostram menos eficazes frente a novas variantes, combatendo apenas as formas graves da doença.
Terceira dose (dose de reforço) e sua efetividade contra a variante ômicron
A partir do surgimento da variante ômicron, houve uma maior preocupação da comunidade científica e também da sociedade sobre a eficácia das vacinas frente à esta nova variante, considerando a necessidade de uma terceira dose ou como popularmente é conhecida uma “dose de reforço”. Hoje já se sabe, que de acordo com diferentes estudos, a vacinação tem eficácia comprovada frente à forma grave da doença causada pela variante ômicron e que a dose de reforço é necessária para aumentar os níveis de anticorpos neutralizantes. Antes mesmo do surgimento da variante, países, como por exemplo Israel, já estavam trabalhando com a probabilidade de aplicação de uma terceira dose como forma de prevenir desfechos graves e foi comprovado através de um estudo observacional que uma terceira dose é mais eficaz na proteção de indivíduos contra casos graves relacionados à COVID-19, em comparação com o recebimento de apenas duas doses.
Importância da vacinação
A vacinação é uma das principais formas de prevenir doenças causadas por bactérias e vírus e foi descoberta através de pesquisas que demonstraram que o corpo humano é capaz de desenvolver anticorpos quando se encontra na presença de certos patógenos, que são substâncias consideradas como estranhas pelo nosso organismo. Uma forma de demonstrar a eficácia da vacinação é o histórico de doenças que foram erradicadas por conta de uma vacinação em massa bem sucedida, como é o caso da varíola em que o último registro de enfermidade no mundo causado por essa doença foi em 1977.
As vacinas são produzidas com o próprio microorganismo que causa determinada doença, porém esse microorganismo está inativado, como na vacina CoronaVac ou apenas parte do vírus é utilizada no desenvolvimento da vacina, como é o caso das vacinas contra Covid-19 da Pfizer, Astrazeneca e Janssen. Essas tecnologias permitem que o corpo humano entre em contato com uma forma do vírus incapaz de causar a doença, mas que gera uma resposta imunológica que ajudará o organismo a combater a doença quando eventualmente entrar em contato com o vírus ativo transmitido na comunidade.
A vacinação é uma estratégia coletiva, e somente quando grande parte da população está devidamente vacinada, se torna possível erradicar uma doença. Hoje no Brasil a adesão à terceira dose está abaixo do esperado, porém é de suma importância que este quadro se reverta e que as pessoas procurem o mais rápido possível a dose de reforço, para assim, evitar novas ondas de casos da doença responsáveis por tantas mortes, e pelo colapso do sistema de saúde pública, que já vinha sofrendo com cortes orçamentários, sem contar com os sintomas da COVID-19 de longa duração. A COVID-19 de longa duração afeta uma parcela importante de pacientes que se recuperam da doença, caracterizada pela persistência de sintomas como cansaço, dores musculares e articulares, problemas respiratórios vários meses após de ter sido infectado com o coronavírus, gerando incapacitação e mais gastos à saúde pública, tornando-se mais um motivador para completar o esquema vacinal com três doses, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde.
Referências bibliográficas
Thompson MG, Natarajan K, Irving SA, et al. Eficácia de uma terceira dose de vacinas de mRNA contra o departamento de emergência associado ao COVID-19 e os atendimentos de urgência e hospitalizações entre adultos durante períodos de predominância das variantes Delta e Omicron — Rede VISION, 10 Estados, agosto de 2021 a janeiro de 2022. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2022;71:139–145.
Barda N, Dagan N, Cohen C, Hernán MA, Lipsitch M, Kohane IS, Reis BY, Balicer RD. Effectiveness of a third dose of the BNT162b2 mRNA COVID-19 vaccine for preventing severe outcomes in Israel: an observational study. Lancet. 2021 Dec 4;398(10316):2093-2100. doi: 10.1016/S0140-6736(21)02249-2. Epub 2021 Oct 29
Rodrigo N. e Proença-Modena, José Luiz, Agrupamentos da linhagem SARS-CoV-2 B.1.1.7 Infecção após vacinação com vacinas vetorizadas e inativadas por adenovírus: um estudo de coorte.DisponívelnoSSRN:https://ssrn.com/abstract=3883263ouhttp://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3883263
Accorsi EK, Britton A, Fleming-Dutra KE, et al. Associação entre 3 doses de vacina de mRNA COVID-19 e infecção sintomática causada pelas variantes SARS-CoV-2 Omicron e Delta. JAMA. 2022;327(7):639–651. doi:10.1001/jama.2022.0470
A importância da dose de reforço no combate a novas variantes da Covid-19
As novas variantes de um vírus surgem por um processo natural e esse processo é chamado de mutação. As mutações ocorrem ao acaso, porém quando essas mutações conferem vantagens adaptativas a um organismo, são selecionadas pelo meio e tendem a gerar organismos que serão predominantes em relação ao organismo original.
Um vírus ao entrar em contato com uma célula tem como objetivo realizar a replicação e assim, gerar novos vírus. Toda vez que esse processo acontece existe a chance de ocorrer alguma mutação que pode conferir vantagens adaptativas. Quando o vírus se replica com essa nova mutação, isso pode lhe conferir algumas vantagens, e desta forma surgem as novas variantes, como é o caso do novo coronavírus, SARS-COV-2, responsável por causar a COVID19, a partir do qual, desde sua descoberta em dezembro de 2019 até a presente data, têm sido identificadas várias variantes.
Hoje sabemos que algumas medidas de proteção como o uso da máscara, higienização das mãos, evitar aglomerações, manter o distanciamento social e completar o esquema vacinal são medidas importantes para conter a disseminação das novas variantes do SARS-COV-2, pois quanto menor for a transmissão do vírus, há menos chances dele sofrer mutação.
A nova variante Ômicron foi detectada pela primeira vez em 9 de novembro de 2021 na África do Sul, em Botsuana. Essa variante inclui mais de 50 mutações e é considerada como uma variante que tem causado preocupação na Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a OMS essa nova variante (ômicron) contém alterações genéticas que conferem ao vírus uma maior transmissibilidade. Hoje a variante ômicron é a predominante no Brasil.
Porque mesmo vacinadas as pessoas continuam se infectando?
Muitos questionamentos têm sido levantados sobre a eficácia das vacinas, pois muitas pessoas que já completaram o esquema vacinal têm apresentado diagnóstico positivo para Covid-19. No entanto, é importante ressaltar que as vacinas contra a Covid-19 previnem os casos mais graves da doença que causam hospitalização e até mesmo morte. A vacina é desenvolvida para prevenir casos leves, moderados e graves da doença, porém com o passar do tempo, a eficácia de algumas vacinas é reduzida devido a uma diminuição da imunidade do paciente ou se mostram menos eficazes frente a novas variantes, combatendo apenas as formas graves da doença.
Terceira dose (dose de reforço) e sua efetividade contra a variante ômicron
A partir do surgimento da variante ômicron, houve uma maior preocupação da comunidade científica e também da sociedade sobre a eficácia das vacinas frente à esta nova variante, considerando a necessidade de uma terceira dose ou como popularmente é conhecida uma “dose de reforço”. Hoje já se sabe, que de acordo com diferentes estudos, a vacinação tem eficácia comprovada frente à forma grave da doença causada pela variante ômicron e que a dose de reforço é necessária para aumentar os níveis de anticorpos neutralizantes. Antes mesmo do surgimento da variante, países, como por exemplo Israel, já estavam trabalhando com a probabilidade de aplicação de uma terceira dose como forma de prevenir desfechos graves e foi comprovado através de um estudo observacional que uma terceira dose é mais eficaz na proteção de indivíduos contra casos graves relacionados à COVID-19, em comparação com o recebimento de apenas duas doses.
Importância da vacinação
A vacinação é uma das principais formas de prevenir doenças causadas por bactérias e vírus e foi descoberta através de pesquisas que demonstraram que o corpo humano é capaz de desenvolver anticorpos quando se encontra na presença de certos patógenos, que são substâncias consideradas como estranhas pelo nosso organismo. Uma forma de demonstrar a eficácia da vacinação é o histórico de doenças que foram erradicadas por conta de uma vacinação em massa bem sucedida, como é o caso da varíola em que o último registro de enfermidade no mundo causado por essa doença foi em 1977.
As vacinas são produzidas com o próprio microorganismo que causa determinada doença, porém esse microorganismo está inativado, como na vacina CoronaVac ou apenas parte do vírus é utilizada no desenvolvimento da vacina, como é o caso das vacinas contra Covid-19 da Pfizer, Astrazeneca e Janssen. Essas tecnologias permitem que o corpo humano entre em contato com uma forma do vírus incapaz de causar a doença, mas que gera uma resposta imunológica que ajudará o organismo a combater a doença quando eventualmente entrar em contato com o vírus ativo transmitido na comunidade.
A vacinação é uma estratégia coletiva, e somente quando grande parte da população está devidamente vacinada, se torna possível erradicar uma doença. Hoje no Brasil a adesão à terceira dose está abaixo do esperado, porém é de suma importância que este quadro se reverta e que as pessoas procurem o mais rápido possível a dose de reforço, para assim, evitar novas ondas de casos da doença responsáveis por tantas mortes, e pelo colapso do sistema de saúde pública, que já vinha sofrendo com cortes orçamentários, sem contar com os sintomas da COVID-19 de longa duração. A COVID-19 de longa duração afeta uma parcela importante de pacientes que se recuperam da doença, caracterizada pela persistência de sintomas como cansaço, dores musculares e articulares, problemas respiratórios vários meses após de ter sido infectado com o coronavírus, gerando incapacitação e mais gastos à saúde pública, tornando-se mais um motivador para completar o esquema vacinal com três doses, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde.
Referências bibliográficas
Thompson MG, Natarajan K, Irving SA, et al. Eficácia de uma terceira dose de vacinas de mRNA contra o departamento de emergência associado ao COVID-19 e os atendimentos de urgência e hospitalizações entre adultos durante períodos de predominância das variantes Delta e Omicron — Rede VISION, 10 Estados, agosto de 2021 a janeiro de 2022. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2022;71:139–145.
Barda N, Dagan N, Cohen C, Hernán MA, Lipsitch M, Kohane IS, Reis BY, Balicer RD. Effectiveness of a third dose of the BNT162b2 mRNA COVID-19 vaccine for preventing severe outcomes in Israel: an observational study. Lancet. 2021 Dec 4;398(10316):2093-2100. doi: 10.1016/S0140-6736(21)02249-2. Epub 2021 Oct 29
Rodrigo N. e Proença-Modena, José Luiz, Agrupamentos da linhagem SARS-CoV-2 B.1.1.7 Infecção após vacinação com vacinas vetorizadas e inativadas por adenovírus: um estudo de coorte.DisponívelnoSSRN:https://ssrn.com/abstract=3883263ouhttp://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3883263
Accorsi EK, Britton A, Fleming-Dutra KE, et al. Associação entre 3 doses de vacina de mRNA COVID-19 e infecção sintomática causada pelas variantes SARS-CoV-2 Omicron e Delta. JAMA. 2022;327(7):639–651. doi:10.1001/jama.2022.0470
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