Os Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA), popularmente chamados de anabolizantes, são medicamentos semelhantes à testosterona, que é o hormônio sexual masculino. A testosterona atua promovendo principalmente a manutenção e funcionamento da atividade da próstata e dos testículos, como também possui importante atuação nas modificações do corpo durante a fase da puberdade, além de contribuir para o aumento da massa muscular e ação relevante na regulação comportamental, influenciando nos níveis de estresse e agressividade; logo, a prescrição dos EAA em doses adequadas promove a regulação dessas funções, atendendo assim, às necessidades hormonais de cada indivíduo. Entretanto, estes hormônios estão sendo bastante utilizados em superdoses, entre 10 até 100 vezes a dose terapêutica, e para o fins não prescritos e indicados, na qual a utilização do mesmo está cada vez mais associada à busca por um corpo "sarado" e ao desejo de melhorar o desempenho físico e muscular, principalmente entre os homens. No entanto, os efeitos prejudiciais dessas substâncias no organismo já foram comprovados.
A utilização prolongada e excessiva de EAA pode causar diversos problemas no organismo. Essas substâncias podem desregular a atividade hormonal, uma vez que favorecem a supressão dos hormônios que naturalmente são produzidos nos testículos. Essa supressão ocorre por meio de um mecanismo conhecido como feedback negativo, no qual os próprios hormônios administrados inibem a produção fisiológica de testosterona. Os efeitos neuropsiquiátricos estimulados pelos EAA podem incluir o desenvolvimento de transtornos como depressão, estado de euforia anormal e alterações comportamentais, como maior irritabilidade e agressividade. Em casos mais graves, pode haver até mesmo uma tendência suicida. É importante ressaltar que esses problemas são mais comuns quando os EAA são utilizados em doses superiores às terapêuticas e por períodos prolongados.
Nesse sentido, os EAA podem ter efeitos negativos bem documentados no sistema cardiovascular, como problemas nos níveis de gordura no sangue, pressão alta e problemas de funcionamento do coração, que podem levar a problemas cardiovasculares sérios. No entanto, é pouco comum que homens experimentem sintomas cardiovasculares relacionados ao uso de EAA. Já no sistema hepático o uso desses Esteroides Anabolizantes Androgênicos pode causar danos ao fígado em curto prazo, incluindo condições como colestase (fluxo inadequado da bile) e peliose hepática (presença de cistos no fígado). Além disso, exames de biópsia hepática mostram um aumento na proliferação de células do fígado em usuários. Infelizmente, ainda não temos dados em grande escala sobre os efeitos a longo prazo dessas substâncias em homens. Todavia, há relatos de casos de câncer de fígado, rim e próstata em pessoas que fazem o seu uso.
No entanto, medidas estão sendo tomadas para regular o uso incontrolado e compulsivo dessas substâncias, uma vez que são muito estimulados nas redes sociais, reconhecidas como meios pelos quais os indivíduos que buscam melhorar a aparência física e o desempenho esportivo procuram se informar e adquirir estas substâncias. Estas plataformas digitais possuem significativa influência, motivando e educando as pessoas a respeito do consumo desses compostos. O uso de EAA pode levar a uma forte dependência, e aqueles que tentam interromper seu uso muitas vezes enfrentam crises severas e podem acabar voltando a consumi-los. Humor deprimido, anorexia, diminuição do desejo sexual, insônia, tendências suicidas, insatisfação com a imagem corporal, tendência ao abuso e dor de cabeça são alguns dos sintomas relatados pelos usuários durante a abstinência.
Em concordância com os riscos à saúde associados ao uso de Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA), é importante ressaltar que recentemente o Conselho Federal de Medicina (CFM) tomou medidas para regulamentar a prescrição dessas substâncias. Reconhecendo os malefícios e os impactos negativos no organismo, o CFM proibiu a prescrição de anabolizantes para fins estéticos, ganho de massa muscular e aprimoramento do desempenho esportivo.
Essa proibição reflete a preocupação em proteger a saúde pública e evitar o uso sem controle e prejudicial dos EAA. A decisão do CFM também destaca a importância de buscar alternativas seguras e saudáveis para alcançar objetivos relacionados à aparência física e ao desempenho esportivo. Promover a conscientização sobre os riscos dos anabolizantes e fornecer informações sobre a importância de uma alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos regulares e adoção de um estilo de vida saudável são medidas essenciais para orientar a população e prevenir danos à saúde decorrentes do uso inadequado dessas substâncias.
Referências:
Aditi Sharma, Bonnie Grant et al. Common symptoms associated with usage and cessation of anabolic androgenic steroids in men. Clinical Endocrinology & Metabolism, 2022-09-01, Volume 36, Edição 5, Artigo 101691. Acesso em 17 de Maio de 2023.
Bradley D. Anawalt. Detection of anabolic androgenic steroid use by elite athletes and by members of the general public. Molecular and Cellular Endocrinology, Volume 464, 2018, Pages 21-27, ISSN 0303-7207. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.mce.2017.09.027. Acesso em 17 de Maio de 2023.
Muhammad J., Hassan A. et al. Anabolic-androgenic steroid use in a young body-builder: A case report and review of the literature. Annals of Medicine and Surgery, Volume 83, 2022, 104567, ISSN 2049-0801. Disponível em: (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2049080122013279) Acesso em 17 de Maio de 2023.
National Center for Biotechnology Information. PubChem Compound Summary for CID 6013, Anabolic Steroids. Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/6013. Acesso em 17 de julho de 2023.
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