Por: Ana Carolina Prado Lima
Constantemente, nas mídias sociais, vem sendo largamente discutido acerca do “efeito alucinógeno” do medicamento zolpidem e seu uso recreativo, assim como os possíveis risco à saúde ocasionados por essa prática. As denominadas “drogas Z” (zolpidem, zopliclona e zaleplon) foram desenvolvidas com intuito de ser uma opção aos benzodiazepínicos para o tratamento de insônia, com a proposta de terem efeitos adversos reduzidos e causarem menos dependência e abstinência; o sedativo-hipnótico mais utilizado dessa classe é o zolpidem.
A insônia é definida pela dificuldade contínua de iniciar ou manter o sono, que desencadeia em um prejuízo diurno subsequente, tais como: prejuízo na produtividade, aumento da probabilidade de cometer erros ou acidentes, dificuldade de concentração e má qualidade de vida e para realizar o tratamento desse distúrbio de sono, é primordial que o mesmo tenha foco multidisciplinar, isto é, além do tratamento farmacológico, deve-se incluir o gerenciamento dos estressores psicológicos (tal como a terapia cognitiva comportamental), para que se tenha mínima dose possível do fármaco e consequentemente, menos efeitos adversos.
Contudo, alguns indivíduos estão utilizando o medicamento Zolpidem, além de outros da mesma classe farmacológica, de maneira indiscriminada e irracional de modo a obter sensações alucinógenas, utilizando em posologias inadequadas. Em contrapartida, justamente na bula já está descrito que recomenda-se que a administração do zolpidem seja feita quando o paciente já está prestes a dormir e que nenhum agente exterior, como o celular, por exemplo, prejudique o efeito esperado. Importante ressaltar também que os riscos de se automedicar de modo inapropriado e por longo período de tempo geram tolerância e dependência, fazendo com que esse fármaco não seja tão isento de efeitos adversos assim como se predizia. Para exemplificar alguns efeitos adversos adquiridos em casos de superdosagem, pode-se citar a depressão do sistema nervoso central, variando de sonolência ao coma, já nos casos mais leves, pode-se observar também confusão mental e letargia. Vale citar também a amnésia retrógrada, caracterizada pela perda de memória para os fatos que ocorreram logo depois do uso do medicamento que é um efeito colateral comum aos pacientes após algumas horas de administração do fármaco.
Portanto, é indubitável que o zolpidem seja prescrito (se necessário) no tratamento da insônia na menor dose possível e que a mesma não extrapole de 10 mg por dia. Os efeitos adversos reportados e mais importantes, incluem os comportamentos complexos que têm sido vistos, como dormir, alucinações, aumento do suicídio e dirigir carros enquanto dormem e esses efeitos adversos podem ocorrer mesmo quando o medicamento é utilizado adequadamente nas posologias diárias recomendadas.
Logo, levar em consideração os riscos tanto psíquicos quanto psiquiátricos é primordial para a escolha da melhor terapia para o paciente, de modo a minimizar possíveis danos que possam ser somados. Dessa forma, consulte sempre seu médico e farmacêutico para obter as informações adequadas sobre a prescrição e administração de seus medicamentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Edinoff, Amber N et al. “Zolpidem: Efficacy and Side Effects for Insomnia.” Health psychology research vol. 9,1 24927. 18 Jun. 2021, doi:10.52965/001c.24927. Acesso em 29 de setembro de 2022.
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SCHWARTZ, Marcus. Sedativos e Hipnóticos. Psiquiatria PUC-RJ. Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: clinicajorgejaber.com.br/novo/wp-content/uploads/2021/07/3_jul_2021. Acesso em: 20 de setembro de 2022.
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