Os antimicrobianos são medicamentos utilizados para tratar
infecções decorrentes de microrganismos patogênicos, como bactérias, fungos,
vírus e protozoários. Desde o ano de 2011, esses medicamentos passaram a ser
regulados pela Resolução-RDC Nº 20 e partir de então, a aquisição em farmácias
e drogarias destes se dá mediante a retenção da segunda via da receita e só
pode ser realizada em até 10 dias após a data da consulta médica, com exceção
dos tratamentos de uso prolongado1. Esta necessidade de restringir e regular a
venda desta classe de medicamentos é devido ao aumento do aparecimento de
infecções resistentes a ação dos antimicrobianos, ocorrendo, então, a falha do
tratamento e possibilidade de agravar a doença e levar a morte do paciente.
Os microrganismos possuem capacidade ampliada de sofre mutação,
isto é, alterações de suas características genéticas, ocorrendo modificações ao
acaso e alguns desses eventos podem conferir resistência aos antimicrobianos. Quando
os microrganismos são expostos ao tratamento antimicrobiano, apenas os
sensíveis são eliminados, enquanto as resistentes não. Esses últimos, se multiplicam,
transferindo as caraterísticas que conferem resistência às gerações seguintes.
O uso prolongado ou indevido dos antimicrobianos acelera este processo, justificando
o cuidado extremo na venda e utilização desta classe de medicamentos2.
Atualmente, existem infecções por bactérias resistentes nas
quais ainda não há um tratamento eficaz, trazendo inúmeros malefícios aos
pacientes. Como exemplo desta problemática, estão as infecções causadas pelos
estafilococos, cujas espécies vêm apresentando resistência a diversos
tratamentos. Em 2002 foram relatados os primeiros casos de infecções pela
espécie Staphylococcus aureus resistente
aos antibióticos vancomicina e teicoplanina e ainda não há um tratamento com
eficácia superior a estes medicamentos disponível no mercado farmacêutico3. Estima-se
que somente nos Estados Unidos, entre 50 a 60% das infecções adquiridas no
ambiente hospitalar foram devido a microrganismos resistentes acarretando cerca
de 77 mil mortes por ano4. Este panorama gera uma responsabilidade social entre
as equipes de saúde, cuidadores e pacientes no uso correto dos antimicrobianos,
para assim, diminuir o aparecimento de infecções resistentes. Quando usamos o
antibiótico de maneira errada ou desnecessariamente estamos contribuindo para o
aparecimento de microrganismos resistentes e, consequentemente, com o
agravamento deste problema de saúde pública mundial.
Os cuidados se iniciam na escolha do tratamento,
recomenda-se sempre a utilização do antibiótico que apresente eficácia em
dosagens mais baixas e que seja utilizado pelo menor tempo necessário. O uso de
um medicamento de última geração em infecções que poderiam ser facilmente
tratadas com medicamentos mais antigos podem acelerar o aparecimento de
resistência e a perda da eficácia. Por isso, não se deve utilizar
antimicrobianos sem indicação médica e jamais fornecer os próprios medicamentos
a familiares ou amigos, mesmo que eles possuam os mesmos sintomas, uma vez que
o tratamento ideal para uma pessoa é diferente para terceiros. No caso de sobra
dos antimicrobianos, não o reutilize sem prévia avaliação médica, mesmo em casos
de reincidência dos sintomas porque pode haver a necessidade de tratamento com
outros medicamentos5.
Após aquisição dos antimicrobianos, torna-se necessário o
uso correto, conforme orientação do médico ou farmacêutico. Utilize sempre os
medicamentos da forma exata em que foi receitado, respeitando os horários de
administração e o número de vezes por dia que deve ser tomado. É de extrema
relevância, também, utilizar o medicamento pelo número de dias exato que está
indicando na receita. Caso ocorra uma melhora no estado geral do paciente antes
do final do tratamento, jamais interrompa o uso dos antimicrobianos, porque
isso aumentaria o risco de retorno dos sintomas e da infecção. Se novamente
ficar doente, retorne ao médico para uma nova consulta5.
Somente quando as equipes de saúde e os pacientes se
conscientizarem do seu pleno papel no combate a esta problemática, poderemos
atenuá-la. Por isso, certifique-se de que entendeu todas as instruções
fornecidas pelo médico sobre a forma correta de uso do medicamento, em caso de
dúvidas posteriores, procure novamente seu médico ou farmacêutico.
Referências
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução-RDC Nº 20, de 5 de Maio de 2011
SANTOS, N. Q. A resistência bacteriana no contexto da infecção
hospitalar. Texto Contexto Enferm; 13(n.esp):64-70, 2004
Kowalski TJ, Berbari EF, Osmon DR. Epidemiology, treatment,
and prevention of community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus
aureus infections. Mayo Clin Proc; 80:1201-7, 2005
TAFUR, J.D.; Mecanismo de resistência a los antibióticos em
bactérias Gram negativas. Revista de
Infectologia 2008
Oliveira, A. C.; Silva, R. S. Desafios do cuidar em saúde
frente à resistência bacteriana: uma revisão. Revista Eletrônica de
Enfermagem;10(1):189-197, 2008.
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