As
recentes notícias de mortes por meningite tem trazido muitas
preocupações para a população de Macaé e região. Neste momento
surgem também muitas dúvidas sobre os sintomas e formas de
prevenção da doença. Em que casos é recomendado usar a vacina?
Quais as vacinas disponíveis?
A
meningite é um termo empregado para indicar a inflamação das
meninges, tecido que recobre o cérebro e a medula espinhal, podendo
ser causada por bactérias, fungos, vírus ou ainda por lesões,
câncer e medicamentos (1). A doença pode atingir pessoas de todas
as idades.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que ocorram
aproximadamente 1,2 milhão de casos e 135 mil mortes por meningite a
cada ano no mundo (2). Os principais sintomas incluem dor de cabeça,
enjoo ou vômitos, rigidez na nuca e febre. Em caso de suspeita de
meningite, é importante procurar assistência médica para fazer o
diagnóstico e iniciar o tratamento imediatamente.
O
diagnóstico é feito por meio de exames de sangue e do líquido
cefalorraquidiano (líquido da espinha). Como a doença pode ser
causada por diferentes agentes, o exame é
essencial pois garante a escolha do tratamento mais adequado e ainda
beneficia a sociedade por permitir a definição das medidas de controle
necessárias para as pessoas que convivem com o paciente.
A
meningite viral é comum, porém mais branda que a bacteriana. Os
enterovírus são os principais agentes causadores. Muitas vezes os
sintomas são leves e podem ser confundidos com uma gripe. Em geral,
o desfecho é bom e não são comuns sequelas (1).
A
meningite bacteriana é causada principalmente pelas bactérias
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo b
(Hib) e Neisseria meningitidis (meningite
meningocócica), tanto em adultos quanto em crianças (1).
A
transmissão da bactéria causadora da meningite meningocócica
ocorre através da saliva, ou seja, pode-se contrair por meio da
tosse, espirro, beijo, compartilhando alimentos, bebidas ou cigarros.
Estima-se que entre 5-15% das pessoas sejam portadoras da bactérias
mas não desenvolvem a doença. O período entre a infecção e o
aparecimento dos sintomas pode variar entre 2-10 dias e, se não for
tratada adequadamente, é fatal em 50% dos casos. Dos pacientes que
sobrevivem, entre 10-20% ficam com sequelas como perda auditiva,
paralisia e problemas mentais (3).
Considera-se
surto quando ocorrem 3 ou mais casos, confirmados ou prováveis, em
um período de 3 meses, em pessoas que residam na mesma área
geográfica, atingindo uma incidência igual ou maior a 10 casos em
100.000 habitantes (4).
Existem
13 sorotipos de meningococo, porém os mais comuns são os tipos A,
B, C, Y, W-135 e X. Como forma de prevenção, desde 2010, o governo
disponibiliza a vacina meningocócica do tipo C, o tipo mais comum no
Brasil (4), empregada aos 3,
5 e 12
meses de idade.
A
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda o uso de uma
dose de reforço aos 5 ou 6 anos de idade, ou 5 anos após a última
dose, preferencialmente com a vacina quadrivalente (contra os
sorotipos A, C, Y e W135), assim como na adolescência a partir dos
11 anos de idade (5). Nos Estados Unidos, a recomendação se estende
aos jovens entre 12-18 anos (4). Entretanto, para estas faixas
etárias, a vacina não é disponibilizada nos postos públicos de
vacinação, mas pode ser adquirida em clínicas privadas. Confira no
calendário proposto pela SBIm na tabela abaixo.
CALENDÁRIO DE
VACINAÇÃO PARA AS PRINCIPAIS BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MENINGITE
RECOMENDAÇÕES
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES (SBIm) 2013/2014 (5)
|
|||||||||||||
Vacina
|
Idade
|
Disponibilidade
|
|||||||||||
2
meses
|
3
meses
|
4
meses
|
5
meses
|
6
meses
|
12
meses
|
15
meses
|
18
meses
|
4-6
anos
|
11
anos
|
16
anos
|
Postos
públicos
|
Clínicas
privadas
|
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Meningocócica
|
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1a
dose
|
|
2a
dose
|
|
Reforço
|
|
Reforço
|
Reforço
|
Reforço
|
SIM,
até 2 anos
|
SIM
|
|
Pneumocócica
|
1a
dose
|
|
2a
dose
|
|
3a
dose
|
Reforço
|
|
|
|
|
SIM
|
SIM
|
|
Hib
|
1a
dose
|
|
2a
dose
|
|
3a
dose
|
|
Reforço
|
|
|
|
SIM,
para as 3 primeiras doses
|
SIM
|
Segundo
a OMS, a vacinação deve ser empregada para grupos de alto risco,
como crianças e adolescentes. Pessoas que viajam para áreas onde
existam grande número de casos também devem ser vacinadas, assim
como portadores de deficiências no sistema de defesa, como
infectados por HIV (3). Por protegerem apenas contra os tipos mais
comuns, mesmo as pessoas vacinadas podem ter meningite causada por
outros micro-organismos.
Em
Macaé, a Prefeitura iniciou uma campanha para vacinação ampliando
a idade para crianças até 10 anos incompletos. A medida visa
atender crianças nascidas antes de 2010, quando a vacina foi
incluída no Caléndario Básico de Vacinação do Ministério da
Saúde.
Além
da vacina contra a meningite menigocócica, existem vacinas contra
outras bactérias causadoras de meningite previstas no Caléndário
de Vacinação, como Streptococcus pneumoniae (vacina
pneumocócica 10) e
Haemophilus influenzae tipo b (Hib).
A
vacina pneumocócica 10 deve ser utilizada aos 2, 4, 6 e 12 meses,
enquanto a tetravalente, que protege contra Haemophilus
influenzae tipo b (Hib), é administrada aos 2, 4 e 6 meses de
vida da criança. Além destas doses, a Sociedade Brasileira de
Imunização recomenda que seja administrada um reforço da vacina
contra Hib entre 15 e 18 meses de vida (5), entretanto, esta deve ser
adquirida em clínicas privadas de vacinação.
Por
fim, vale lembrar que, como todo medicamento, as vacinas não são
indicadas para algumas pessoas e podem apresentar efeitos adversos.
Por isso, é importante sempre conversar com um profissional de saúde
antes de se vacinar.
Ficou
com alguma dúvida sobre esta postagem? Entre em contato conosco.
Referências:
1.
Best
Practice. Disponível em
<http://brasil.bestpractice.bmj.com/>.
Acessado em 26
de agosto
de 2014.
2.
Emmerick ICM, Campos MR, Schramm JM de A, Silva RS da, Costa M de F
dos S. Estimativas corrigidas de casos de meningite, Brasil
2008-2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2014
Jun;23(2):215–26.
3.
WHO | Meningococcal meningitis
[Internet]. WHO. Disponível em
<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs141/en/>.
Acessado em 26 de agosto de 2014.
4.
Sáfadi MAP, Berezin EN, Oselka
GW. A critical appraisal of the recommendations for the use of
meningococcal conjugate vaccines. Jornal de Pediatria [Internet].
2012 May 23. Disponível em
<http://www.jped.com.br/Redirect.aspx?varArtigo=2312>.
Acessado
em 28 de agosto de 2014.
5.
Sociedade Brasileira de imunização. Disponível em
<http://www.sbim.org.br/vacinacao/>. Acessado em 26 de agosto
de 2014.
Autora:
Fernanda Lacerda da Silva Machado (Farmacêutica)
Revisão:
Danielle
Maria de Souza Serio dos Santos
Danielle
Martins Ventura
Juliana
Givisiéz Valente
Luisa
Arueira Chaves
Quem os pais devem procurar ou onde devem ir se o seu filho perdeu a data da vacinação na Escola.
ResponderExcluirAlgumas escolas estão exigindo a presença dos pais no ato da vacina,mesmo com autorização por escrito alguns pais não puderam estar presentes na data e hora marcada e seus filhos não foram imunizados. Onde estes pais devem levar suas crianças.
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