sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A meningite e a corrida da vacina

As recentes notícias de mortes por meningite tem trazido muitas preocupações para a população de Macaé e região. Neste momento surgem também muitas dúvidas sobre os sintomas e formas de prevenção da doença. Em que casos é recomendado usar a vacina? Quais as vacinas disponíveis?




A meningite é um termo empregado para indicar a inflamação das meninges, tecido que recobre o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, fungos, vírus ou ainda por lesões, câncer e medicamentos (1). A doença pode atingir pessoas de todas as idades.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que ocorram aproximadamente 1,2 milhão de casos e 135 mil mortes por meningite a cada ano no mundo (2). Os principais sintomas incluem dor de cabeça, enjoo ou vômitos, rigidez na nuca e febre. Em caso de suspeita de meningite, é importante procurar assistência médica para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento imediatamente.

O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue e do líquido cefalorraquidiano (líquido da espinha). Como a doença pode ser causada por diferentes agentes, o exame é essencial pois garante a escolha do tratamento mais adequado e ainda beneficia a sociedade por permitir a definição das medidas de controle necessárias para as pessoas que convivem com o paciente.

A meningite viral é comum, porém mais branda que a bacteriana. Os enterovírus são os principais agentes causadores. Muitas vezes os sintomas são leves e podem ser confundidos com uma gripe. Em geral, o desfecho é bom e não são comuns sequelas (1).

A meningite bacteriana é causada principalmente pelas bactérias Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e Neisseria meningitidis (meningite meningocócica), tanto em adultos quanto em crianças (1).

A transmissão da bactéria causadora da meningite meningocócica ocorre através da saliva, ou seja, pode-se contrair por meio da tosse, espirro, beijo, compartilhando alimentos, bebidas ou cigarros. Estima-se que entre 5-15% das pessoas sejam portadoras da bactérias mas não desenvolvem a doença. O período entre a infecção e o aparecimento dos sintomas pode variar entre 2-10 dias e, se não for tratada adequadamente, é fatal em 50% dos casos. Dos pacientes que sobrevivem, entre 10-20% ficam com sequelas como perda auditiva, paralisia e problemas mentais (3).

Considera-se surto quando ocorrem 3 ou mais casos, confirmados ou prováveis, em um período de 3 meses, em pessoas que residam na mesma área geográfica, atingindo uma incidência igual ou maior a 10 casos em 100.000 habitantes (4).

Existem 13 sorotipos de meningococo, porém os mais comuns são os tipos A, B, C, Y, W-135 e X. Como forma de prevenção, desde 2010, o governo disponibiliza a vacina meningocócica do tipo C, o tipo mais comum no Brasil (4), empregada aos 3, 5 e 12 meses de idade.


A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda o uso de uma dose de reforço aos 5 ou 6 anos de idade, ou 5 anos após a última dose, preferencialmente com a vacina quadrivalente (contra os sorotipos A, C, Y e W135), assim como na adolescência a partir dos 11 anos de idade (5). Nos Estados Unidos, a recomendação se estende aos jovens entre 12-18 anos (4). Entretanto, para estas faixas etárias, a vacina não é disponibilizada nos postos públicos de vacinação, mas pode ser adquirida em clínicas privadas. Confira no calendário proposto pela SBIm na tabela abaixo.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA AS PRINCIPAIS BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MENINGITE
RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES (SBIm) 2013/2014 (5)
Vacina
Idade
Disponibilidade
2 meses
3 meses
4 meses
5 meses
6 meses
12 meses
15 meses
18 meses
4-6 anos
11 anos
16 anos
Postos públicos
Clínicas privadas
Meningocócica

1a dose

2a dose

Reforço

Reforço
Reforço
Reforço
SIM, até 2 anos
SIM
Pneumocócica
1a dose

2a dose

3a dose
Reforço




SIM
SIM
Hib
1a dose

2a dose

3a dose

Reforço



SIM, para as 3 primeiras doses
SIM

Segundo a OMS, a vacinação deve ser empregada para grupos de alto risco, como crianças e adolescentes. Pessoas que viajam para áreas onde existam grande número de casos também devem ser vacinadas, assim como portadores de deficiências no sistema de defesa, como infectados por HIV (3). Por protegerem apenas contra os tipos mais comuns, mesmo as pessoas vacinadas podem ter meningite causada por outros micro-organismos.

Em Macaé, a Prefeitura iniciou uma campanha para vacinação ampliando a idade para crianças até 10 anos incompletos. A medida visa atender crianças nascidas antes de 2010, quando a vacina foi incluída no Caléndario Básico de Vacinação do Ministério da Saúde.

Além da vacina contra a meningite menigocócica, existem vacinas contra outras bactérias causadoras de meningite previstas no Caléndário de Vacinação, como Streptococcus pneumoniae (vacina pneumocócica 10) e Haemophilus influenzae tipo b (Hib).

A vacina pneumocócica 10 deve ser utilizada aos 2, 4, 6 e 12 meses, enquanto a tetravalente, que protege contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib), é administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida da criança. Além destas doses, a Sociedade Brasileira de Imunização recomenda que seja administrada um reforço da vacina contra Hib entre 15 e 18 meses de vida (5), entretanto, esta deve ser adquirida em clínicas privadas de vacinação.

Por fim, vale lembrar que, como todo medicamento, as vacinas não são indicadas para algumas pessoas e podem apresentar efeitos adversos. Por isso, é importante sempre conversar com um profissional de saúde antes de se vacinar.

Ficou com alguma dúvida sobre esta postagem? Entre em contato conosco.


Referências:
1. Best Practice. Disponível em <http://brasil.bestpractice.bmj.com/>. Acessado em 26 de agosto de 2014.
2. Emmerick ICM, Campos MR, Schramm JM de A, Silva RS da, Costa M de F dos S. Estimativas corrigidas de casos de meningite, Brasil 2008-2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2014 Jun;23(2):215–26.
3. WHO | Meningococcal meningitis [Internet]. WHO. Disponível em <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs141/en/>. Acessado em 26 de agosto de 2014.
4. Sáfadi MAP, Berezin EN, Oselka GW. A critical appraisal of the recommendations for the use of meningococcal conjugate vaccines. Jornal de Pediatria [Internet]. 2012 May 23. Disponível em <http://www.jped.com.br/Redirect.aspx?varArtigo=2312>. Acessado em 28 de agosto de 2014.
5. Sociedade Brasileira de imunização. Disponível em <http://www.sbim.org.br/vacinacao/>. Acessado em 26 de agosto de 2014.

Autora: Fernanda Lacerda da Silva Machado (Farmacêutica)
Revisão:
Danielle Maria de Souza Serio dos Santos
Danielle Martins Ventura
Juliana Givisiéz Valente
Luisa Arueira Chaves

2 comentários:

  1. Quem os pais devem procurar ou onde devem ir se o seu filho perdeu a data da vacinação na Escola.

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  2. Algumas escolas estão exigindo a presença dos pais no ato da vacina,mesmo com autorização por escrito alguns pais não puderam estar presentes na data e hora marcada e seus filhos não foram imunizados. Onde estes pais devem levar suas crianças.

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