Primeira associação de medicamentos para casos leves e moderados de Covid-19 no SUS
O primeiro medicamento cientificamente comprovado para tratar casos leves e moderados de Covid-19 foi aprovado pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS), sendo uma associação dos fármacos nirmatrelvir/ritonavir, que leva o nome comercial Paxlovid. Este medicamento já possui aprovação para uso emergencial em vários países como Estados Unidos, Europa, Canadá, China, Austrália, Japão, Reino Unido e México. No Brasil, o pedido de uso emergencial foi apresentado para a ANVISA pela Indústria Farmacêutica Pfizer e foi autorizado, sendo integrado pelo SUS logo após a sua autorização.
No início do mês de maio de 2022, foi publicado pelo Ministério da Saúde, no Diário Oficial da União, a integração do medicamento nirmatrelvir\ritonavir para o tratamento da Covid-19 no Sistema Único de Saúde. Este fármaco é composto pelos antivirais nirmatrelvir e ritonavir, atuando em conjunto, com cada comprimido revestido contendo 150 mg de nirmatrelvir e 100 mg de ritonavir, sendo indicado para o tratamento da Covid-19 em adultos que não requerem oxigênio suplementar e que apresentem um maior risco de progressão para um quadro clínico grave. O uso recomendado desse fármaco é para pacientes idosos com idade igual ou superior a 65 anos e em indivíduos adultos, com idade maior ou igual a 18 anos e que sejam imunocomprometidos. O medicamento nirmatrelvir associado ao ritonavir possui o objetivo de prevenir internações, complicações e morte para a Covid-19. Após todos os estudos clínicos, ele foi considerado um fármaco seguro, com baixos percentuais de eventos adversos, sendo a maioria classificados como de grau leve.
O medicamento nirmatrelvir/ritonavir impede que o vírus se multiplique nas células, sendo o nirmatrelvir ativo contra o vírus que causa a Covid-19 e o ritonavir tem a função de prolongar o efeito terapêutico do nirmatrelvir. O tratamento com este medicamento só pode ser realizado caso o indivíduo teste positivo para SARS-CoV-2 e o começo da sua utilização deve ser em até cinco dias após início da sintomatologia. De acordo com a bula, a posologia recomendada é de 300 mg de nirmatrelvir (dois comprimidos de 150 mg) com 100 mg de ritonavir (um comprimido de 100 mg), tomados juntos por via oral, de 12h em 12h, durante cinco dias. O ritonavir é uma uma substância anti-retroviral, então o medicamento nirmatrelvir\ritonavir deve ser prescrito em receituário próprio para a dispensação nas farmácias hospitalares/ambulatoriais do sistema público de saúde, e quando dispensados em farmácias e drogarias, ficam sujeitos a venda sob receita de controle especial em duas vias.
O fármaco nirmatrelvir/ritonavir pode possuir algumas interações medicamentosas com diferentes medicamentos. Deve-se ter uma maior atenção aos pacientes imunossuprimidos que fazem a utilização constante de medicamentos imunossupressores como o tacrolimo, o everolimo, o sirolimo e a ciclosporina, pois a administração de tais fármacos concomitante com o nirmatrelvir/ritonavir pode aumentar as suas concentrações no organismo de forma significativa. O nirmatrelvir/ritonavir também pode possuir interações medicamentosas com alguns antiarrítmicos, antipsicóticos, estatinas (medicamentos com objetivo terapêutico de redução do colesterol) e sedativos. Como também, medicamentos que diminuem a concentração plasmática do nirmatrelvir ou do ritonavir, reduzindo os seus efeitos terapêuticos, devem ser destacados, como por exemplo, a apalutamida (usada no tratamento do câncer), alguns anticonvulsivantes e a rifampicina, que é um antibiótico. Sendo assim, o médico deve ser informado caso o indivíduo esteja fazendo uso de algum medicamento, seja momentaneamente ou de forma contínua.
Sobre as contraindicações em relação ao uso deste medicamento, ele não é recomendado para indivíduos com histórico de hipersensibilidade significativa às substâncias ativas (nirmatrelvir/ritonavir), é contraindicado para pacientes que possuam doença hepática ou renal grave, não é indicado para crianças, pois esse fármaco não foi estudado na população pediátrica, como também, é importante destacar que, segundo a CONITEC, há escassez de dados sobre o uso do nirmatrelvir/ritonavir em pacientes grávidas e lactantes, então os riscos e benefícios deste tratamento nesses casos devem ser discutidos de forma mais aprofundada. Os efeitos adversos já relatados e mais comuns incluem alterações no paladar, dor de cabeça, diarreia, dor muscular e vômito. A indicação do tratamento com esse fármaco deve ser estudada pela equipe de profissionais da saúde responsável pelo paciente, levando em consideração todos os riscos do uso e o que pode ser feito para a diminuição de tais riscos, como estratégias de ajuste de dose, um maior monitoramento e substituição ou suspensão temporária de outros medicamentos que possuam alguma interação com o nirmatrelvir/ritonavir.
Em relação às limitações de uso, o medicamento nirmatrelvir/ritonavir não deve ser utilizado para tratamento em pacientes com Covid-19 em estado grave e que requerem hospitalização, não é recomendado para a prevenção da Covid-19, como também o seu uso não é recomendado por mais de cinco dias. Este medicamento deve sempre ser administrado exatamente como indicado pelo seu médico ou farmacêutico.
A inclusão de um novo medicamento para tratar o Coronavírus não descarta a importância de tomar a vacina contra o vírus. A vacina é uma medida profilática, ou seja, de prevenção, para que o indivíduo não se contamine com a Covid-19 e, caso isso ocorra, a vacina assegura que seja um quadro leve ou até mesmo assintomático da doença. Já o tratamento para a Covid-19, o medicamento nirmatrelvir/ritonavir, é utilizado quando o paciente já está contaminado com o vírus SARS-CoV-2, para que o quadro clínico não evolua para uma situação mais grave e preocupante. Sendo assim, o medicamento não substitui a vacina e é importante salientar que a vacinação continua sendo a melhor estratégia para evitar a contaminação, as hospitalizações e os óbitos por Covid-19.
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